Os quatro bailarinos do filme brilharam outrora, em maior ou menor grau, nos palcos da antiga Alemanha de Leste. Christa, Úrsula, Horst e Siegfrid viveram as vicissitudes dos muitos anos que já contam, elas mais velhas com os seus 80 anos, eles a caminho, um com 73 e outro com 65.
Ursula , por exemplo, lembra o bombardeamento de Dresden, que lhe levou parte da família. E, depois, como se dedicou aos palcos e depois ao ensino do bailado enquanto arte, que a estimulará durante décadas. A tal ponto que, quando o espectáculo aqui abordado se ia estrear ela acabava de enviuvar. mas nem por isso deixou de manter o entusiasmo pela sua participação nele.
Por seu lado Christa viu os anos acentuarem-lhe a religiosidade e, agora, apesar de viver com uns míseros 300 euros mensais, continua a acreditar num sentido da vida direccionado para o preito a essa divindade que lhe parece ter dado tão pouco. Mas, olhando para o passado, ela recorda como já como empregada de uma livraria após a sua carreira artística, ainda lhe comentavam a forma como se deslocava: em vez de andar, continuava a dançar.
Dos dois bailarinos o mais jovem e menos gracioso é Horst, mas admire-se o seu percurso: de bailarino transitou para e, derrubado o muro, ganha a vida como vendedor de centro comercial e como assistente de enfermagem num hospital psiquiátrico.
E Siegfried é o mais elegante no desempenho dos números concebidos por Heike embora as dores sejam intensas. Quase tão insuportáveis quanto as suscitadas pelo ostracismo a que, enquanto cidadão de leste se vira sujeito!
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