Marianne Chaud apaixonou-se pela zona do Zanskar, zona indiana nas encostas dos Himalaias, situada a quatro mil metros de altitude e, por isso mesmo, aprendeu a língua falada pelos povos aí existentes. No seu projecto de cineasta e de etnóloga ela passou a viver uma parte do ano naquela região, convivendo com quem ali habita.
No caso deste filme ela acompanha, sobretudo, as mulheres, porque no Verão os homens estão quase sempre ausentes a ganharem algum dinheiro por fora. Cabe, pois, às mulheres o pesado esforço dos trabalhos do campo, sejam eles a ceifa da cevada ou a transumância dos iaques até aos terrenos de pasto a maior altitude.
Não há limites de idade para o labor no campo: desde que começam a andar as crianças são incentivadas a pegar na foice, assim como só a abandonam as mulheres mais velhas, quando morrem. Imagem expressiva de tal realidade é a da velha senhora cega já muito cansada, mas ainda a trabalhar acompanhada por um dos bisnetos e que morreria três dias depois dessas derradeiras imagens.
Interessantes igualmente as imagens da pequena pastora de 13 anos com uma incurável curiosidade relativamente ao mundo exterior ou as da ceifeira da mesma idade, obrigada a viver sozinha na sua parcela de terra, porque o pai morrera entretanto e a mãe estava com os iaques nas terras mais altas.
Raros são os homens ali presentes, mas um deles reflecte sobre a dureza da vida ali bem como a reencarnação depois da morte. Mas não deixando de deixar no ar a possibilidade disso não fazer qualquer sentido. Ou, mesmo que por omissão, um outro homem levado para a aldeia mais próxima para se sujeitar aos cuidados de um médico tradicional e que, passadas semanas, nada deixa transparecer do que com ele se terá passado. Fica a dúvida se ele terá sobrevivido.
O que fica subjacente a todo o filme é o facto de se tratar de um mundo em iminente mudança: anuncia-se uma estrada a passar pelo vale e com ela a imposição dessa civilização até então apenas pressentida pela passagem dos aviões no céu ou pela visita de viajantes como a realizadora. E então a acelerada invasão dos sinais de modernidade porá cobro a estes comportamentos ancestrais...
No caso deste filme ela acompanha, sobretudo, as mulheres, porque no Verão os homens estão quase sempre ausentes a ganharem algum dinheiro por fora. Cabe, pois, às mulheres o pesado esforço dos trabalhos do campo, sejam eles a ceifa da cevada ou a transumância dos iaques até aos terrenos de pasto a maior altitude.
Não há limites de idade para o labor no campo: desde que começam a andar as crianças são incentivadas a pegar na foice, assim como só a abandonam as mulheres mais velhas, quando morrem. Imagem expressiva de tal realidade é a da velha senhora cega já muito cansada, mas ainda a trabalhar acompanhada por um dos bisnetos e que morreria três dias depois dessas derradeiras imagens.
Interessantes igualmente as imagens da pequena pastora de 13 anos com uma incurável curiosidade relativamente ao mundo exterior ou as da ceifeira da mesma idade, obrigada a viver sozinha na sua parcela de terra, porque o pai morrera entretanto e a mãe estava com os iaques nas terras mais altas.
Raros são os homens ali presentes, mas um deles reflecte sobre a dureza da vida ali bem como a reencarnação depois da morte. Mas não deixando de deixar no ar a possibilidade disso não fazer qualquer sentido. Ou, mesmo que por omissão, um outro homem levado para a aldeia mais próxima para se sujeitar aos cuidados de um médico tradicional e que, passadas semanas, nada deixa transparecer do que com ele se terá passado. Fica a dúvida se ele terá sobrevivido.
O que fica subjacente a todo o filme é o facto de se tratar de um mundo em iminente mudança: anuncia-se uma estrada a passar pelo vale e com ela a imposição dessa civilização até então apenas pressentida pela passagem dos aviões no céu ou pela visita de viajantes como a realizadora. E então a acelerada invasão dos sinais de modernidade porá cobro a estes comportamentos ancestrais...
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