Nunca li nenhum livro do escritor norte-americano Gay Talese, mas admito tratar-se de falha grave, porquanto ele será dos mais interessantes de quantos ainda estão em actividade em tal cultura.
Um trabalho de Isabel Coutinho no «Público» dedicado ao escritor e ao por ele dito num encontro literário no Paraty justificou a curiosidade para pôr cobro a este défice cultural.
Fica, para já, o manifesto do escritor: numa América, que ainda continua a privilegiar as histórias de sucesso, como se ela representasse a terra das grandes oportunidades em vez da das imensas desilusões. Talese confessa o fascínio nele suscitado pelas pessoas que perdem. Já o sentia, há cinquenta anos, quando era jornalista desportivo e compreendia que «os jogadores mais interessantes com quem ter uma conversa eram aqueles que tinham tido uma experiência triste, que tinham feito alguma coisa errada, porque experimentaram algo que era devastador no final do jogo, mas era também uma experiência de vida. No futuro eles tinham que esquecer e ultrapassar o acontecido para conseguirem persistir como atletas.»
É nessa linha que ele se interessa por uma futebolista chinesa, que falhara o golo decisivo numa final do Campeonato do Mundo contra os EUA. Nesse caso humano ele pressentiu a possibilidade de generalizar aquele momento de derrota em algo de simbolicamente decisivo.
Decidido a escrever a sua história ele embarca para Pequim, mas mal consegue chegar à fala com a rapariga, demasiado controlada pelas autoridades a começar pelo seu treinador. Mas é aí que Talese aplica outra das suas regras: quando as circunstâncias o impedem de seguir determinado rumo ele orienta a sua história noutra direcção. E, de facto, mais interessante do que a jovem futebolista, Talese vai interessar-se pela mãe e pela avó dela, conseguindo testemunhos muito interessantes sobre a Revolução Cultural e outros momentos decisivos do regime maoista. E consegue assim abordar os temas superlativos, que estavam subjacentes às suas preocupações: o carácter, a redenção, a resignação e a perseverança.
Um trabalho de Isabel Coutinho no «Público» dedicado ao escritor e ao por ele dito num encontro literário no Paraty justificou a curiosidade para pôr cobro a este défice cultural.
Fica, para já, o manifesto do escritor: numa América, que ainda continua a privilegiar as histórias de sucesso, como se ela representasse a terra das grandes oportunidades em vez da das imensas desilusões. Talese confessa o fascínio nele suscitado pelas pessoas que perdem. Já o sentia, há cinquenta anos, quando era jornalista desportivo e compreendia que «os jogadores mais interessantes com quem ter uma conversa eram aqueles que tinham tido uma experiência triste, que tinham feito alguma coisa errada, porque experimentaram algo que era devastador no final do jogo, mas era também uma experiência de vida. No futuro eles tinham que esquecer e ultrapassar o acontecido para conseguirem persistir como atletas.»
É nessa linha que ele se interessa por uma futebolista chinesa, que falhara o golo decisivo numa final do Campeonato do Mundo contra os EUA. Nesse caso humano ele pressentiu a possibilidade de generalizar aquele momento de derrota em algo de simbolicamente decisivo.
Decidido a escrever a sua história ele embarca para Pequim, mas mal consegue chegar à fala com a rapariga, demasiado controlada pelas autoridades a começar pelo seu treinador. Mas é aí que Talese aplica outra das suas regras: quando as circunstâncias o impedem de seguir determinado rumo ele orienta a sua história noutra direcção. E, de facto, mais interessante do que a jovem futebolista, Talese vai interessar-se pela mãe e pela avó dela, conseguindo testemunhos muito interessantes sobre a Revolução Cultural e outros momentos decisivos do regime maoista. E consegue assim abordar os temas superlativos, que estavam subjacentes às suas preocupações: o carácter, a redenção, a resignação e a perseverança.
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