quarta-feira, dezembro 12, 2007

O fim dos tapetes de Arraiolos

Há condicionalismos incontornáveis causados pela globalização. A redução dos preços na generalidade dos produtos e serviços, que possibilitou o crescimento exponencial do consumo característico dos dias de hoje, só foi possível com a deslocalização dos principais custos de mão-de-obra.
Uma das vítimas dessa realidade é a produção dos tapetes de Arraiolos. Senão vejamos os factos: um tapete genuíno, com quarenta mil pontos, custa 200 euros e 15 dias de trabalho a oito horas.
Isto significa que, mesmo na melhor das hipóteses, essa operária nunca conseguirá auferir o salário mínimo nacional.
Ora, da China, vêm agora tapetes exactamente iguais, com lã de melhor qualidade, a custarem metade desse valor. Está ditado assim o epílogo de um produto tradicional da nossa cultura…
É claro que há quem culpe as grandes superfícies por terem fomentado essa concorrência, culpando-as por estarem por detrás de todo o circuito de contrafacção. Há quem queira garantir medidas proteccionistas!
Mas a realidade será outra: acabam-se os tapetes associados à conhecida terra alentejana… e afirmam-se no mercado os tapetes made in China.
É quando os operários chineses tiverem melhores salários do que os portugueses, que a produção virá de outro lado.
Até, possivelmente, de Arraiolos se a globalização nos tornar ainda menos abonados do que já somos…

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