Escrita em 1761, esta pequena «bagatela» de Voltaire põe uma questão pertinente: se o conhecimento gera a infelicidade de se conseguir compreender o quão pouco se sabe, não valerá mais a ignorância, que facilita a ingénua felicidade de quem não tem de se preocupar com os grandes temas da Humanidade?
A parábola de Voltaire tem um brâmane como protagonista, um homem sábio mas desgostado por, ao fim de quarenta anos de estudo, saber que tudo ignora: «Não só o principio do meu pensamento me é desconhecido, como o princípio dos meus movimentos me é também oculto; não sei porque existo».
Que sentido faz então o enciclopedismo, essa ânsia de tudo saber e tudo compreender? Os imbecis, mesmo inconscientes de quanto o são, mostram-se bem mais serenos do que os homens cultos, que acumulam saberes, mas nunca conseguem encontrar razões, nem explicações para as grandes questões colocadas pelo mero facto de existir.
O problema está em se abrir a porta do conhecimento. Ao saber-se quanto está do outro lado dela, a curiosidade nunca se mostrará satisfeita: cada resposta engendra milhentas perguntas não respondidas, que justificam a avidez em passar da soleira e penetrar o mais possível
Há quem diga que é um esforço inglório: ganha expressão uma corrente filosófica, que considera improvável conseguir-se ir mais longe no conhecimento do infinitamente pequeno e do infinitamente grande, pelo que não se deverão aguardar grandes transformações sociais e tecnológicas num futuro próximo.
Arriscaria a classificação de imbecis ignorantes a quem tal defende: se olharmos para a evolução ocorrida entre a época de Voltaire e a nossa, ela é tão imensa, que s ideia de se conhecer uma inflexão na aceleração do conhecimento humano me parece muito improvável…
Até porque muito do que se sabe ainda se situa ao nível das hipóteses teóricas, que se espera ver concretizado em demonstrações práticas, que as confirmem ou abram campo para outras alternativas. E, tendo em conta, que muito do conhecimento, que temos actualmente de tudo quanto nos rodeia ainda passa pelos filtros dos preconceitos, das rotinas, mormente os alimentados por absurdas crenças religiosas, conclui-se a verosimilhança de quem prevê sempre novas e revolucionárias descobertas.
A infelicidade está prometida aos ignorantes, cujo cabimento nesta sociedade do conhecimento se torna cada vez mais complicado...
A parábola de Voltaire tem um brâmane como protagonista, um homem sábio mas desgostado por, ao fim de quarenta anos de estudo, saber que tudo ignora: «Não só o principio do meu pensamento me é desconhecido, como o princípio dos meus movimentos me é também oculto; não sei porque existo».
Que sentido faz então o enciclopedismo, essa ânsia de tudo saber e tudo compreender? Os imbecis, mesmo inconscientes de quanto o são, mostram-se bem mais serenos do que os homens cultos, que acumulam saberes, mas nunca conseguem encontrar razões, nem explicações para as grandes questões colocadas pelo mero facto de existir.
O problema está em se abrir a porta do conhecimento. Ao saber-se quanto está do outro lado dela, a curiosidade nunca se mostrará satisfeita: cada resposta engendra milhentas perguntas não respondidas, que justificam a avidez em passar da soleira e penetrar o mais possível
Há quem diga que é um esforço inglório: ganha expressão uma corrente filosófica, que considera improvável conseguir-se ir mais longe no conhecimento do infinitamente pequeno e do infinitamente grande, pelo que não se deverão aguardar grandes transformações sociais e tecnológicas num futuro próximo.
Arriscaria a classificação de imbecis ignorantes a quem tal defende: se olharmos para a evolução ocorrida entre a época de Voltaire e a nossa, ela é tão imensa, que s ideia de se conhecer uma inflexão na aceleração do conhecimento humano me parece muito improvável…
Até porque muito do que se sabe ainda se situa ao nível das hipóteses teóricas, que se espera ver concretizado em demonstrações práticas, que as confirmem ou abram campo para outras alternativas. E, tendo em conta, que muito do conhecimento, que temos actualmente de tudo quanto nos rodeia ainda passa pelos filtros dos preconceitos, das rotinas, mormente os alimentados por absurdas crenças religiosas, conclui-se a verosimilhança de quem prevê sempre novas e revolucionárias descobertas.
A infelicidade está prometida aos ignorantes, cujo cabimento nesta sociedade do conhecimento se torna cada vez mais complicado...
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