quarta-feira, outubro 07, 2015

ESTÓRIAS DA HISTÓRIA: Os cientistas do terror (1)

Uma sobrevivente de Auschwitz disse uma vez que temia as pessoas pelo que eram capazes de demonstrar em bondade, mas sobretudo em crueldade.
Provavelmente já quase tudo foi dito sobre o Holocausto, mas mesmo julgando que já sabemos tudo quanto significou, vale sempre a pena regressar aos seus aspetos hediondos para que se continue a barrar a possibilidade de, por esquecimento ou indiferença, os ver-mos repetidos.
A forma como os nazis utilizaram seres humanos para servirem de cobaias nas suas experiências na área da medicina sempre foi secundarizada por faltarem os testemunhos das suas vítimas, quase todas mortas, e dos culpados sempre dispostos a escamotearem a sua participação em tais crimes. E, no entanto, essas experiências constituíram o culminar dos horrores praticados em Auschwitz: operações quase sempre sem anestesia, mutilações e indução voluntária de infeções vitimaram milhares de pessoas, cujos sofrimentos prolongavam-se durante várias semanas.
Hoje sabemos que Mengele e os seus cúmplices eram capazes das ignomínias mais inimagináveis, pelo que revelaram alguns médicos judeus obrigados a servirem-lhes de “assistentes”.
Nunca a Ciência se revelou tão cruel na forma como intentou chegar a conclusões, que nunca deveriam ter sido obtidas por tais métodos…
“Tudo quanto hoje conhecemos da civilização humana, dos seus produtos artísticos, da ciência e da técnica, é quase exclusivamente resultante da atividade criadora dos povos arianos. Isso permite concluir que eles foram os únicos fundadores de uma Humanidade superior e, por isso, representam verdadeiramente o que entendemos como Homens», eis o que Adolf Hitler escreveu entre 1925 e 1926 no seu sinistro «Mein Kampf». “O ariano é o Prometeu da Humanidade. Cabe ao mais forte dominar em vez de se fundir com o mais fraco, de forma a não sacrificar assim a sua grandeza.
A História estabelece com a maior das evidências que, quando os povos civilizados misturaram o seu sangue com o de povos inferiores, o resultado dessa mestiçagem foi a sua ruína.
Não devemos esquecer que o principal objetivo da existência humana não é a conservação de um estado, mas a conservação da sua raça.”
Quando, em 1933, Adolf Hitler foi empossado como chanceler da Alemanha o «Mein Kampf» tornou-se no texto programático para o horizonte político a alcançar pelo III Reich. As considerações racistas nele contidas traduziram-se em imediatas medidas concretas a implementar obcessivamente em todos os escalões do Estado.
Os intelectuais, os cientistas e, particularmente, o corpo médico foram arregimentados para a implementação acelerada das conceções raciais nazis.
Os médicos foram incumbidos de trabalhar no sentido da purificação racial. Por isso a partir de 1937 iniciou-se um programa de esterilização das crianças mestiças, seguida, nos dois anos seguintes, do assassínio em massa dos doentes mentais.
Mais tarde esses mesmos médicos não hesitaram em fazer dos presos dos diversos campos de concentração as suas cobaias. Para experiências médicas com objetivos militares…
Nessa política de desumanização foi em Auschwitz que se atingiu o paroxismo desta tenebrosa realidade.

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