sábado, agosto 15, 2015

ESTÓRIAS DA HISTÓRIA: Gertrude Caton-Thompson e o Grande Zimbabwe (1)

Que poderia ela fazer, quando até os elementos pareciam  opor-se aos seus planos?
Ao olhar pela janela do hotel, Gertrude teve uma melhor noção da devastação, que transformara num caos a cidade da Beira.
O ciclone destruíra casas, derrubara árvores e afundara muitos dos barcos fundeados, ou atracados na baía.
E, no entanto, ela sentia cada segundo a ecoar dentro de si, lembrando-lhe o prazo muito curto com que se comprometera para cumprir o trabalho encomendado pela Fundação. Pretendiam que esclarecesse de vez quem estivera na origem das construções de que sobravam impressionantes ruínas no Grande Zimbabwe.
Não era, porém, a primeira vez, que Gertrude se sentia em dificuldades, em aparência, insuperáveis. A maior tinha sido, quando chegara de França a notícia da morte do noivo numa emboscada. Ela, que se imaginara numa vida agradável a cuidar da família numa mansão do Sussex, vira nessa carta  o ruir de todas as suas aspirações românticas.
Depois, mais recentemente no Egito, quando se desentendera com Flinders Petrie, quanto aos métodos de escavação e à interpretação dada aos vestígios de Abydos.
“Nunca mais vais conseguir trabalhar como arqueóloga!”, vaticinara-lhe aquele que fora o patrono na atividade, que se convertera na sua paixão. E ela provara-lhe, entretanto, que poderia singrar por sua própria conta, sem voltar a necessitar de quem lhe servisse de caução científica.
Agora estava decidida a seguir em frente. Diziam-lhe que as estradas para Salisbúria estavam convertidas em lama e os rios em violentas enxurradas?
Viesse lá o primeiro a querer provar-lhe que a poderiam impedir de alcançar o que pretendia!

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