segunda-feira, agosto 31, 2015

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: Dennis Hopper e a atração incontornável da cocaína (1)

Num dos seus números deste verão a revista francesa «L’Obs» publicou um longo artigo de François Forestier sobre Dennis Hopper e os efeitos nele produzidos pela cocaína.
É claro que o li com a devida atenção ou não tivesse, eu próprio, admirado esse rebelde da contracultura, quando vi pela primeira vez «Easy Rider» nos inícios da década de 70. E, no entanto, esse autoproclamado génio, que nunca deixaria de ser um dos grandes ícones da geração hippie, viria a ter uma vida assaz turbulenta, mergulhado nas drogas e num alcoolismo, que o levou inclusivamente a embriagar-se com after shave.
Houve até quem dissesse da forte probabilidade de o ver a fumar excrementos de camelo se lhe garantissem efeitos alucinogénios.
Em múltiplas entrevistas ele reivindicava o direito a só funcionar à base de mescalina, coca, erva, LSD e outros psicotrópicos ilegais.
No artigo em causa, Forestier relata uma cena típica do comportamento de Hopper, passada durante umas filmagens no Peru: da varanda do hotel urinou sobre uma fanfarra, que por ali passava na rua, vomitando depois sobre o maestro.
Instado a explicar-se encerrou-se no quarto, porque julgou-se perseguido pelos nazis provenientes da Galáxia do Norte, escondendo-se debaixo da cama. No entretanto já disparara para o lavatório com a sua Magnum 44.
Regressado a Los Angeles, mudou cinco vezes de táxi entre o aeroporto e a sua residência, onde entrou a disparar contra um quadro de Andy Warhol, com as célebres sopas Campbell, que comprara por 75 dólares.
Mais tarde o pintor deslocar-se-ia à cidade dos anjos para assinar o quadro junto às perfurações ali abertas pelas duas balas, aumentando assim exponencialmente o valor do mesmo.
Não espanta que tal comportamento tivesse como resultado a necessidade de trabalhar continuamente para suportar as enormes despesas com as suas dependências. Na longa filmografia conta com mais de cento e cinquenta títulos, a maior parte dos quais com uma qualidade mais do que discutível. E sempre com histórias mirabolantes quanto às suas conflituosas relações com os realizadores.
Entrevistá-lo constituía séria provação para a maioria dos jornalistas, já que se punha a acusá-los, ora de serem espiões a soldo do FBI, ora de lhe estarem a tentar engatar a namorada de ocasião.
Foi, igualmente, excessivo nas relações amorosas: casou cinco vezes e todas as esposas tiveram a sua dose de violência doméstica traduzida em impressionantes nódoas negras na cara. Como pai, também raramente deu atenção a qualquer dos filhos.
No próximo texto recuaremos no tempo e veremos como evoluiu a partir do nascimento em 1936 numa pequena cidade do Kansas.

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