A evocação de Jorge de Sena a respeito do regresso a Portugal dos seus despojos fúnebres depressa deu lugar ao esquecimento a que o escritor sempre foi votado no nosso país.
Mas, antes, já os seu livros de poemas vinham sendo proibidos pela PIDE, porquanto eram considerados «subversivos» e «pornográficos».
O Brasil é a primeira etapa da sua condição de exilado. Mas o golpe fascista de 1964 força-o a demandar os Estados Unidos.
De Portugal escreverá:
Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta
Nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de ter nascido nela.
A percepção do país a partir do exílio foi sustentando nele uma grande amargura a respeito de Portugal: «Os portugueses são de um individualismo mórbido e infantil de meninas, que nunca se libertaram do peso da mãezinha», como diria em memorável discurso no Dia de Portugal.
Segundo diria «a nossa história esteve sempre repartida entre o anseio de uma liberdade, que ultrapassa os limites da liberdade possível (ou seja, as liberdades dos outros, tão respeitáveis como a década um e o desejo de ter um pai transcendente, que nos livre de tomar decisões ou de assumir responsabilidades, seja ele um homem, um partido ou D. Sebastião».
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