terça-feira, junho 02, 2009

UMA VOTAÇÃO PARA LAMENTAR

O que se passou na semana transacta com a votação (para lamentar) dos candidatos ao cargo de Provedor da Justiça é elucidativo sobre a arrogância do maior partido da oposição, que transformou um acto normal em democracia numa demonstração aguda de partidarite.
Como lhe competia, o Governo procurou encontrar um candidato consensual, que inviabilizaria à partida as desconfianças dos mais temerosos dos seus opositores. O Dr. Jorge de Miranda, pela sua condição de senador da Nação, co-autor do nosso texto constitucional e devotado servidor da causa pública, parecia ser um nome incontornável para garantir um quase unânime aplauso.
O que se viu a seguir foi uma das reacções mais grotescas de politiquice no seu nível mais baixo, com a oposição ao não ter em atenção a figura prestigiada em causa, mas a metodologia seguida para o candidatar.
Argumentou o PSD, que existiria uma norma consuetudinária, que lhe daria a legitimidade para indicar um nome do seu agrado. Tanto mais que os mais recentes titulares da função têm emergido da sua força política. E deixaram-se levar os demais partidos oposicionistas por idêntica estratégia de bota-abaixo quando, pela primeira vez em muitos anos, estavam criadas as condições para a eleição de uma personalidade apartidária e verdadeiramente autónoma do jogo político.
Tudo quanto se seguiu, culminando com a frustrada possibilidade de tal cargo vir a ser ocupado pelo Dr. Jorge Miranda só desabona quem preferiu a chicana política a uma concertação ditada pelo interesse dos cidadãos.
Razão tem, a esse respeito, Correia de Campos quando, numa crónica do «Diário Económico» comenta: «Forte é o líder que sabe ceder; fraco é o que se agarra ao quinhão, com o desespero dos minoritários. Demonstrou que é assim que pretende continuar.»E este fraco é, obviamente, Paulo Rangel…

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