sexta-feira, junho 05, 2009

«A GRANDE VIAGEM DE CHARLES DARWIN»

Documentário de Hannes Schuller et Katharina von Flotow (2009, 1h30m)


Ainda que a Exposição da Gulbenkian já tenha fechado as suas portas, ainda estamos em época apropriada para continuarmos a abordar a importância do naturalista Charles Darwin na evolução do pensamento humano.
O documentário, que o Canal Arte se prepara para emitir (dia 6de Junho, pelas 19h45) irá seguir o percurso do cientista desde a descoberta de situações, que lhe aguçam a curiosidade até o ver formular a sua notável teoria.
Começamos em 1831, quando ele conta 22 anos e acaba de se formar em Cambridge. Os seus planos passam por se tornar pastor anglicano cumprindo os desejos paternos, mas depressa eles dão lugar a um projecto bem mais aliciante, que será embarcar por cinco anos no navio «Beagle», comandado pelo capitão Fitzroy, pronto para zarpar para os mares da América do Sul com o objectivo de cartografar tal subcontinente.
Logo na primeira escala, em Cabo Verde, ele descobre mais de cem espécies diferentes. E as suas descobertas não param nos espaços subsequentes: as ilhas Cocos, um atol do Pacífico, a Terra do Fogo, as Galápagos, o Chile, a Austrália…
Em todos esses locais, o jovem Darwin explora, recolhe amostras e analisa. E tais amostras são depois enviadas regularmente para Inglaterra, sejam elas vegetais e animais, hoje considerados tesouros científicos da Coroa.
É esse imenso livro de uma natureza desconhecida e sempre em mudança, que lhe dão a intuir as verdades insuspeitáveis para o seu tempo: ao contrário do que diz a Igreja, o mundo não fora criado quatro mil anos antes de J.C., mas resultara de uma longa evolução ao longo de milhões de anos.
Os suficientes para que os Oceanos se redesenhassem e os vulcões se extinguissem.
E como explicar que os tentilhões das Galápagos tenham características tão diferentes dos das suas ilhas vizinhas?
No seu diário ele escreve: « Não encontro qualquer limite para o número de alterações à beleza e à infinita complexidade das adaptações dos seres vivos uns com os outros, ligados às suas condições de vida e de acordo com o poder da selecção natural.»
Ao regressar a Inglaterra e retirado na sua propriedade no campo, Charles Darwin levará vinte e três anos a consolidar a sua vertiginosa tese concebida a bordo do Beagle.
Afirmar que as espécies não são imiutáveis não equivalerá a «confessar um crime»?
Alternando cenas reconstituídas com entrevistas aos seus biógrafos e sequências com iminentes biólogos e geólogos rodadas nos portos de escala do Beagle, o documentário conta uma das mais belas aventuras científicas da história do pensamento.

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