Sempre que vejo documentários sobre a América Latina recordo inevitavelmente os meses passados a costear os dois lados desse continente e a maravilhar os olhos com alguns dos cenários mais belos de quantos deparei neste planeta. Que foram muitos...
Do Peru, por exemplo, recordo a cidade de Lima em plena efervescência, quando o Sentero Luminoso tinha uma força significativa e alguns dos seus simpatizantes peroravam na praça central da cidade, convertida em speaker’s corner, por onde igualmente se exibiam malabaristas, saltimbancos, contadores de histórias e outros artistas de rua.
Num dos discursos aí ouvidos, que mais singulares me pareceram então, havia um orador a anunciar a Revolução da Poesia, mais eficaz do que a das armas e dos discursos gastos. E quem o ouvia - desde os rostos mais europeus até aos mais marcadamente denunciadores das origens índias - parecia anuir nessa visão surrealista de uma realidade ali feita de belos, mas decrépitos edifícios coloniais, bem demonstrativos de como o passado glorioso era já história registada em livros.
O exemplo mais paradigmático do Peru de então - quando Fujimori estava em vias de ganhar a sua eleição presidencial - foi o aparato de bombeiros a combaterem o incêndio num prédio de vários andares sem que acorressem a presenciá-lo os muitos pares, que na garagem do rés-do-chão, convertida em salão de baile, se iam movimentando ao som dos tangos ou das rumbas.
Esse alheamento perante um desastre ali mesmo bem presente, espelhou-me a idiossincrasia de um povo muito peculiar. Que talvez explique porque Pizarro conseguiu vencer tão facilmente o Império Inca cinco séculos atrás...
Do Peru, por exemplo, recordo a cidade de Lima em plena efervescência, quando o Sentero Luminoso tinha uma força significativa e alguns dos seus simpatizantes peroravam na praça central da cidade, convertida em speaker’s corner, por onde igualmente se exibiam malabaristas, saltimbancos, contadores de histórias e outros artistas de rua.
Num dos discursos aí ouvidos, que mais singulares me pareceram então, havia um orador a anunciar a Revolução da Poesia, mais eficaz do que a das armas e dos discursos gastos. E quem o ouvia - desde os rostos mais europeus até aos mais marcadamente denunciadores das origens índias - parecia anuir nessa visão surrealista de uma realidade ali feita de belos, mas decrépitos edifícios coloniais, bem demonstrativos de como o passado glorioso era já história registada em livros.
O exemplo mais paradigmático do Peru de então - quando Fujimori estava em vias de ganhar a sua eleição presidencial - foi o aparato de bombeiros a combaterem o incêndio num prédio de vários andares sem que acorressem a presenciá-lo os muitos pares, que na garagem do rés-do-chão, convertida em salão de baile, se iam movimentando ao som dos tangos ou das rumbas.
Esse alheamento perante um desastre ali mesmo bem presente, espelhou-me a idiossincrasia de um povo muito peculiar. Que talvez explique porque Pizarro conseguiu vencer tão facilmente o Império Inca cinco séculos atrás...
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