O resultado das eleições europeias causa-me óbvia decepção. A derrota do Partido Socialista face a uma oposição de direita, que nunca apresentou vias alternativas consistentes, e embotada em valores mais consonantes com o milénio passado do que com os deste, representa um retrocesso evidente em relação a uma dinâmica de progresso.
Essa mesma constatação também se verifica a nível europeu aonde saem premiados os partidos defensores de um tipo de capitalismo, que a crise presente tende a denunciar como ineficiente na capacidade para criar riqueza e maior justiça social.
Paulo Rangel congratulou-se com a vitória simultânea do Sarkozy, da Merkel e até dessa coisa viscosa chamada Berlusconi. Ao reivindicar tão eloquente companhia define-se naquilo que é: um defensor do que de mais aberrante persiste em existir nesta Europa a que a crise está a conferir muito escassa lucidez.
Perante a dimensão da catástrofe - expressa em desemprego massivo e muito forte contracção da economia - esperar-se-ia uma forte penalização de quem esteve com Bush na agressão criminosa ao Iraque e, anos a fio, a incensar as virtudes do mercado desregulado.
Decidiram os eleitores europeus o contrário: quem mais tem procurado limitar os estragos de tais estratégias é que sai penalizado, com a conivência de uma certa esquerda radical para quem a satisfação maior reside na derrota dos socialistas, mesmo que à custa da vitória da direita mais troglodita.
A esquerda europeia bem precisa de repensar-se sob pena de abrir caminho a derrotas bem mais gravosas.
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