"Promessas Perigosas”: filme duro o mais recente da lavra de David Cronenberg. Como sempre na sua filmografia há o tema da metamorfose ou do duplo, em que um ou mais personagens convivem consigo mesmos e com o seu oposto.
A violência extrema começa logo na primeira cena, quando o barbeiro Azim dá ordens ao mentecapto Ekram para degolar o mafioso checheno sentado na sua cadeira de barbeiro.
Noutro ponto da cidade - estamos em Londres - uma jovem adolescente pede ajuda numa farmácia, com uma imensa hemorragia a escapar-se-lhe do útero aonde tem a filha germinada de uma violação. Tatiana não sobreviverá às tentativas dos médicos do hospital para a salvarem, mas deixa ao mundo a criança, que se torna o enlevo da parteira Anna Ivanovna.
É para indagar dos familiares da rapariga a quem pretende entregar a criança, que esta descendente de russos vai procurar a ajuda do dono de um restaurante, o venerável Semyon. Mas dá de caras com o filho deste, o imaturo Kirill, e com o motorista deste, o impassível Nikolai. Que a provocam, mas lhe franqueiam passagem até ao ancião, que logo se interessa por ajudá-la, sobretudo a partir do momento em que ela lhe confessa ter consigo o diário deixado por Tatiana. Sob a promessa de a ajudar a traduzir tal documento e, por ele, encontrar os familiares da defunta, Semyon insta-a a voltar ali ao estabelecimento na tarde do dia seguinte.
Compreende-se, entretanto, que o checheno Soyka fora assassinado a mando de Kirill, que agora recorre a Nikolai para o ajudar a desfazer-se do cadáver. O que o fazem num dos becos, que dão directamente para o Tamisa.
Não tarda que Anna se arrependa de ter contactado com Semyon, já que parece óbvia a sua ligação à máfia russa (Vory v zalone), que estará por trás do tráfico de mulheres em que Tatiana se deixara enredar. Da tradução do seu diário, conseguida do seu tio Stepan, Anna fica a saber que a rapariga fora trazida com 14 anos ali para Londres e aí violada por Semyon depois de Kirill se mostrar incapaz de tal aleivosia. Será o velho o verdadeiro pai da criança a quem ela se afeiçoa como se filha sua fosse. E, de facto, ela corresponde à substituição da própria criança, que abortara aquando da sua antiga relação com um médico negro…
Perante as ameaças de que se vê alvo, não resta a Anna outra atitude que não a de entregar o diário a Nikolai, muito embora o motorista de Kirill lhe inspire surpreendente confiança.
Não admira: ele é um polícia russo infiltrado nos meios mafiosos para os poder manietar. E com sucesso, porquanto recebe as tatuagens de integração nessa organização criminosa. Mesmo no contexto em que Semyon busca confundir os assassinos a soldo dos familiares de Soyka de forma a que eles o matem em vez do seu príncipe herdeiro.
Apesar de alguns percalços complicados o filme acaba por resolver-se num happy end: afastado o «rei» (acusado de violação de menor no caso de Tatiana, denunciado pelo mesmo ADN da bebé!) e o respectivo «príncipe», Nikolai ascende à liderança da organização. Ao mesmo tempo que Anna satisfaz os seus instintos maternos com a adopção dessa mesma criança.
Embora com algumas imagens de particular crueza, «Promessas Perigosas» espelha a ideia que fazemos desse tipo de estrutura criminosa. Em que toda a violência, que possamos a ela relacionada, fica aquém do que a perversidade dos seus chefes consegue conceber!
A violência extrema começa logo na primeira cena, quando o barbeiro Azim dá ordens ao mentecapto Ekram para degolar o mafioso checheno sentado na sua cadeira de barbeiro.
Noutro ponto da cidade - estamos em Londres - uma jovem adolescente pede ajuda numa farmácia, com uma imensa hemorragia a escapar-se-lhe do útero aonde tem a filha germinada de uma violação. Tatiana não sobreviverá às tentativas dos médicos do hospital para a salvarem, mas deixa ao mundo a criança, que se torna o enlevo da parteira Anna Ivanovna.
É para indagar dos familiares da rapariga a quem pretende entregar a criança, que esta descendente de russos vai procurar a ajuda do dono de um restaurante, o venerável Semyon. Mas dá de caras com o filho deste, o imaturo Kirill, e com o motorista deste, o impassível Nikolai. Que a provocam, mas lhe franqueiam passagem até ao ancião, que logo se interessa por ajudá-la, sobretudo a partir do momento em que ela lhe confessa ter consigo o diário deixado por Tatiana. Sob a promessa de a ajudar a traduzir tal documento e, por ele, encontrar os familiares da defunta, Semyon insta-a a voltar ali ao estabelecimento na tarde do dia seguinte.
Compreende-se, entretanto, que o checheno Soyka fora assassinado a mando de Kirill, que agora recorre a Nikolai para o ajudar a desfazer-se do cadáver. O que o fazem num dos becos, que dão directamente para o Tamisa.
Não tarda que Anna se arrependa de ter contactado com Semyon, já que parece óbvia a sua ligação à máfia russa (Vory v zalone), que estará por trás do tráfico de mulheres em que Tatiana se deixara enredar. Da tradução do seu diário, conseguida do seu tio Stepan, Anna fica a saber que a rapariga fora trazida com 14 anos ali para Londres e aí violada por Semyon depois de Kirill se mostrar incapaz de tal aleivosia. Será o velho o verdadeiro pai da criança a quem ela se afeiçoa como se filha sua fosse. E, de facto, ela corresponde à substituição da própria criança, que abortara aquando da sua antiga relação com um médico negro…
Perante as ameaças de que se vê alvo, não resta a Anna outra atitude que não a de entregar o diário a Nikolai, muito embora o motorista de Kirill lhe inspire surpreendente confiança.
Não admira: ele é um polícia russo infiltrado nos meios mafiosos para os poder manietar. E com sucesso, porquanto recebe as tatuagens de integração nessa organização criminosa. Mesmo no contexto em que Semyon busca confundir os assassinos a soldo dos familiares de Soyka de forma a que eles o matem em vez do seu príncipe herdeiro.
Apesar de alguns percalços complicados o filme acaba por resolver-se num happy end: afastado o «rei» (acusado de violação de menor no caso de Tatiana, denunciado pelo mesmo ADN da bebé!) e o respectivo «príncipe», Nikolai ascende à liderança da organização. Ao mesmo tempo que Anna satisfaz os seus instintos maternos com a adopção dessa mesma criança.
Embora com algumas imagens de particular crueza, «Promessas Perigosas» espelha a ideia que fazemos desse tipo de estrutura criminosa. Em que toda a violência, que possamos a ela relacionada, fica aquém do que a perversidade dos seus chefes consegue conceber!
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