domingo, abril 18, 2010

Bailado na Culturgest: «Pororoca»

«Pororoca» - o bailado que a brasileira Lia Rodrigues trouxe ao palco da Culturgest e que associa a onda imensa suscitada pelo oceano, quando entra Amazonas adentro no sentido do montante, aos ritmos da favela, não suscitou em mim uma reacção tão entusiástica quanto o pareceriam pressupor os artigos lidos antes de chegar à sala.
O aspecto mais estranho desta dança é a inexistência do apoio musical. Que pode ser essencial para os intervenientes em palco se sincronizarem em função dele e para nós complementarmos o entendimento dos movimentos.
Numa obra mais orientada para a sugestão intuitiva do espectador do que para grandes elucubrações intelectuais a seu respeito, somos confrontados com o amor e a violência, a harmonia e o caos, a solidão intencional ou consentida, com a animalidade dos homens e a antropomorfia dos bichos.
Momentos há bastante conseguidos, quando os corpos em movimento sugerem remoinhos do rio ou os seus saltos lembram os salpicos da água turbulenta.
Com o desafio de, encarando os espectadores olhos nos olhos, os bailarinos nos convidarem a entrar de pleno direito na experiência sensorial ensaiada em palco...

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