Está a respirar-se um tempo novo. Pelo menos é o que se depreende do que vamos podendo ver nos palcos portugueses.
Semanas atrás tivemos a oportunidade de ver a proposta de uma revolução activa contra as injustiças através de «A Mãe» de Brecht na Culturgest. Agora é a Cornucópia, que leva à cena uma das peças mais optimistas de Shakespeare.
De facto, se existe opressão dos senhores sobre os escravos e sobre os espíritos, todos eles serão libertos no final, quando se corrigem todas as malfeitorias até então concretizadas.
É certo que todo o registo da peça é fantasioso com Próspero a dotar-se de meios sobrenaturais para conseguir vingar-se de quem o destronou do Ducado de Milão e quase o matou juntamente com a filha Miranda.
Ariel, o espírito por ele manipulado, será o artífice de todas as vicissitudes pelas quais se juntam na mesma ilha os súbditos do Rei de Nápoles, incluindo o jovem filho deste e o escravo Caliban, que anseia pela liberdade embora vá buscando-a em sucessivas mudanças de senhor. Na interpretação desse emblemático personagem está Nuno Lopes, uma vez mais a demonstrar o seu enorme talento em desempenho muito orientado para a sua vertente mais física.
Embora com uma vertente dramática, a peça conta com momentos de eficiente comicidade sobretudo quando surgem em cena o dispenseiro beberrão e o bobo Trinco.
Curiosa igualmente a opção de atribuir papéis muito secundários a quem já conheceu na Sala Manuela Porto desempenhos bem mais relevantes - Ricardo Aibéo, Rita Durão, Duarte Guimarães ou Márcia Breia. Demonstrando-se que os actores de excepção tanto o revelam em papéis principais como noutros mais secundários.
Uma referência ainda para o notável trabalho de Cristina Reis na concepção do espaço cénico, utilizando eficazmente a enorme profundidade da sala. Dividido em zonas diferenciadas (os navios, a gruta, a floresta, etc.) esse espaço acaba por permitir uma grande agilidade no movimento dos actores, que correm, amiúde, da boca de cena até aos bastidores, quando daquela se retiram.
A mensagem final da peça é bastante adequada a esta época: serão sempre exequíveis os nossos objectivos se para eles trabalharmos porfiadamente com toda a nossa determinação...
Semanas atrás tivemos a oportunidade de ver a proposta de uma revolução activa contra as injustiças através de «A Mãe» de Brecht na Culturgest. Agora é a Cornucópia, que leva à cena uma das peças mais optimistas de Shakespeare.
De facto, se existe opressão dos senhores sobre os escravos e sobre os espíritos, todos eles serão libertos no final, quando se corrigem todas as malfeitorias até então concretizadas.
É certo que todo o registo da peça é fantasioso com Próspero a dotar-se de meios sobrenaturais para conseguir vingar-se de quem o destronou do Ducado de Milão e quase o matou juntamente com a filha Miranda.
Ariel, o espírito por ele manipulado, será o artífice de todas as vicissitudes pelas quais se juntam na mesma ilha os súbditos do Rei de Nápoles, incluindo o jovem filho deste e o escravo Caliban, que anseia pela liberdade embora vá buscando-a em sucessivas mudanças de senhor. Na interpretação desse emblemático personagem está Nuno Lopes, uma vez mais a demonstrar o seu enorme talento em desempenho muito orientado para a sua vertente mais física.
Embora com uma vertente dramática, a peça conta com momentos de eficiente comicidade sobretudo quando surgem em cena o dispenseiro beberrão e o bobo Trinco.
Curiosa igualmente a opção de atribuir papéis muito secundários a quem já conheceu na Sala Manuela Porto desempenhos bem mais relevantes - Ricardo Aibéo, Rita Durão, Duarte Guimarães ou Márcia Breia. Demonstrando-se que os actores de excepção tanto o revelam em papéis principais como noutros mais secundários.
Uma referência ainda para o notável trabalho de Cristina Reis na concepção do espaço cénico, utilizando eficazmente a enorme profundidade da sala. Dividido em zonas diferenciadas (os navios, a gruta, a floresta, etc.) esse espaço acaba por permitir uma grande agilidade no movimento dos actores, que correm, amiúde, da boca de cena até aos bastidores, quando daquela se retiram.
A mensagem final da peça é bastante adequada a esta época: serão sempre exequíveis os nossos objectivos se para eles trabalharmos porfiadamente com toda a nossa determinação...
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