domingo, outubro 21, 2007

O fim de uma certa forma de Utopia

Quando se pensa em cinema canadiano é inevitável chamar logo à colação o nome de Denys Arcand. Embora a sua filmografia conte com outros títulos interessantes, os que ele rodou com os mesmos personagens em 1986 e em 2003, são marcantes pela forma como aborda o fim das utopias a partir dos diálogos dos herdeiros do Maio de 1968.
Em «O Declínio do Império Americano» ainda se perspectivava a crise irreversível do grande vizinho a sul. Os personagens assumiam tormentos sentimentais e existenciais, mas a amizade era uma boa alternativa resultando dela as festas divertidas. Salvo, quando a aceitação colectiva da libertinagem colidia com a surpresa de continuarem arreigados os velhos preconceitos pequeno burgueses sobre a fidelidade e a traição. Então, caía a máscara de quem pretendia estar na vanguarda dos costumes…
Anos depois, já em «As Invasões Bárbaras», todas as perspectivas de uma evolução progressista do mundo caíram por terra e os personagens do filme anterior, encontraram os seus equilíbrios nas suas carreiras profissionais ou em novos amores. Para Remi, porém, a hora é de despedida: um cancro terminal está em vias de o levar de vez e os amigos vêm visitá-lo. Se no filme anterior as conversas ocorriam em ambiente de festa, agora é sob a influência da morte anunciada…
Terá morrido, assim, uma certa forma de transformação social e política - eis a questão, que o filme coloca. Dando uma resposta óbvia: na geração subsequente, embora com outros valores e preocupações, não está isenta essa vontade de mudar para um mundo novo a sério...

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