segunda-feira, abril 04, 2016

PALCOS: a Revolução e as vítimas colaterais

Agora que a Cornucópia parece indefinida quanto ao futuro da sua atividade apóso anúncio de Luís Miguel Cintra quanto ao seu abandono de cena, o espaço no Bairro Alto está ocupado até domingo pelo Teatro da Cidade, uma novíssima companhia integrada por diversos atores recém-formados no Conservatório, embora alguns já com experiência nas peças mais recentes da anfitriã. Foi, aliás, Lima Barreto quem lhes sugeriu a peça com que estreiam o seu reportório - «Os Justos» de Albert Camus.
O tema é intemporal embora passado na Rússia de 1905: um grupo revolucionário falha o atentado contra o grão-duque por, no momento decisivo, aquele que atiraria a bomba à passagem da carruagem ter nela descoberto a presença dos sobrinhos do déspota. Será em torno da discussão da legitimidade ou não de causar vítimas inocentes para alcançar um bem maior, que tudo se equaciona.
Numa altura em que o terrorismo assombra a existência de populações em quase todas as latitudes essa discussão em torno das estratégias para alcançar o poder é pertinente, sobretudo para os que querem fazer desse objetivo a forma de alcançar uma sociedade mais justa, guiada pelos valores republicanos inerentes à Declaração Universal dos Direitos do Homem. É nesse sentido que se tornará compreensível o dilema de Yanek: a Revolução estará acima da vida das suas vítimas colaterais?


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