«O Caminho Perigoso das Coisas» é o terceiro sketch do filme «Eros», que conjuga a arte cinematográfica de Wang Kar Wai, de Steven Soderbergh e de Michelangelo Antonioni.
No episódio deste último, precisamente aquele que corresponde ao título aqui referenciado, volta-se aos temas obsessivos do realizador, apesar de, nesse ano de 2004, já ele estar demasiado diminuído fisicamente pela doença e, portanto, se poder admitir a possibilidade de uma reorientação das suas inquietações. Ao invés continuamos no terreno instável das relações amorosas entre gente endinheirada para quem a sobrevivência do dia a dia é questão comezinha em comparação com as preocupações relativas à falta de diálogo entre quem se devia amar.
O episódio começa, precisamente, pela manifestação de insatisfação de Christopher em relação a Cloe a quem acusa de falta de empenhamento na relação a dois.
O rompimento do vínculo entre ambos parece iminente pela manifesta falta de comunicação. Mesmo quando, por mero acaso, vão parar a um cenário paradisíaco em cuja cascata uma sereia canta:
«Porque nunca viemos aqui antes?», pergunta ele. E pressupõe no seu desalento a falta de curiosidade sobre tudo quanto os rodeava.
«Ao menos tens recordações de coisas bonitas?», prossegue ele. E Cloe responde-lhe mais adiante, noutro belo local aonde lhe diz:
«Sempre gostei deste espaço, mas, hoje, ele oprime-me!»
O jogo de massacre dessa relação vai prosseguindo nesse seu cirandar por sítios por onde se vão multiplicando os símbolos do estado desse desamor: um copo de vidro a rolar pelo chão, uma outra mulher a recolher maçãs para os seus cavalos e objecto da atenção de Christopher.
Não admira, já que é com essa Luísa, que ele irá à procura do que em Cloe não encontra. Mas tratar-se-á, tão só, de uma relação sem amanhã, já que, em breve, ele escreverá a Cloe de Paris aonde neva, sempre a lamentar a impossibilidade de se entenderem.
E o filme acaba com as duas mulheres nuas na praia em pressentida aproximação.
Será que a mensagem de Antonioni será a de que, incapazes de se satisfazerem com a incompetência masculina, restará às mulheres encontrarem o afecto numa solução lésbica?
No episódio deste último, precisamente aquele que corresponde ao título aqui referenciado, volta-se aos temas obsessivos do realizador, apesar de, nesse ano de 2004, já ele estar demasiado diminuído fisicamente pela doença e, portanto, se poder admitir a possibilidade de uma reorientação das suas inquietações. Ao invés continuamos no terreno instável das relações amorosas entre gente endinheirada para quem a sobrevivência do dia a dia é questão comezinha em comparação com as preocupações relativas à falta de diálogo entre quem se devia amar.
O episódio começa, precisamente, pela manifestação de insatisfação de Christopher em relação a Cloe a quem acusa de falta de empenhamento na relação a dois.
O rompimento do vínculo entre ambos parece iminente pela manifesta falta de comunicação. Mesmo quando, por mero acaso, vão parar a um cenário paradisíaco em cuja cascata uma sereia canta:
«Porque nunca viemos aqui antes?», pergunta ele. E pressupõe no seu desalento a falta de curiosidade sobre tudo quanto os rodeava.
«Ao menos tens recordações de coisas bonitas?», prossegue ele. E Cloe responde-lhe mais adiante, noutro belo local aonde lhe diz:
«Sempre gostei deste espaço, mas, hoje, ele oprime-me!»
O jogo de massacre dessa relação vai prosseguindo nesse seu cirandar por sítios por onde se vão multiplicando os símbolos do estado desse desamor: um copo de vidro a rolar pelo chão, uma outra mulher a recolher maçãs para os seus cavalos e objecto da atenção de Christopher.
Não admira, já que é com essa Luísa, que ele irá à procura do que em Cloe não encontra. Mas tratar-se-á, tão só, de uma relação sem amanhã, já que, em breve, ele escreverá a Cloe de Paris aonde neva, sempre a lamentar a impossibilidade de se entenderem.
E o filme acaba com as duas mulheres nuas na praia em pressentida aproximação.
Será que a mensagem de Antonioni será a de que, incapazes de se satisfazerem com a incompetência masculina, restará às mulheres encontrarem o afecto numa solução lésbica?
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