quarta-feira, maio 24, 2023

O Ser ou não ser de Lubitsch

 

Ao evocarmos filmes, que procuraram satirizar a agressão nazi durante a Segunda Guerra Mundial, é incontornável trazermos O Ditador de Chaplin à colação. Mas justifica-se igual referência a Ser ou Não Ser, com que Ernst Lubitsch a denunciou no ano de viragem de 1942, quando parecia imparável e já justificara os desesperados suicídios de Virginia Woolf ou Stefan Zweig.

Perante esse desistir de toda a esperança haveria outra alternativa - tal era a proposta de Lubitsch para quem fazia todo o sentido aquela que seria a fórmula depois enunciada por Albert Memmi, quando evocava a partilha de anedotas pelos sitiados no gueto de Varsóvia: quando outra solução não existe, os desesperados recorrem ao riso.

A oitenta anos de distância o filme continua a ser divertidíssimo na forma como aborda o narcisismo e o sentido de intriga dos atores de teatro, mas também a capacidade para se superarem, e tudo arriscarem, quando lutar contra a barbárie é a única alternativa. 

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