sexta-feira, maio 05, 2023

Irreverências femininas



1. Amrita Sher-Gil teve curta vida, entre 1913 e 1941. Foi, porém, artista prolífica e sulfurosa, que bem merece a comparação com Frida Khalo como alguns a costumam lembrar. E bem mereceria ser resgatada do quase olvido a que a condição feminina e, sobretudo, o nascimento numa colónia apenas com olhos para quem possuísse a alva tez dos seus funcionários, a condenou. Porque na relevância dada aos rostos, corpos e costumes femininos - incluindo as tentações sáficas! - Amrita Sher-Gil foi admirável na rutura com tudo quanto eram os valores dominantes do seu tempo. Até uma misteriosa e fatal febre a ter impedido de influenciar mais determinantemente a arte contemporânea da Índia do que conseguiu instigar...

2. Criada há sessenta anos para uma campanha publicitária, que não chegou a ser lançada, a personagem Mafalda transferiu-se para as tiras diárias dos jornais e depois para os livros, que dela foram surgindo nos dez anos seguintes.

Quino abdicaria dela, quando a entendeu esgotada nas incessantes perguntas, que fizera aos adultos e constituíram sofisticas demonstrações do absurdo do mundo  em que viviam. E, no entanto, não é difícil partir para a demonstração de quanto elas continuam pertinentes, porque, pormenores à parte, todos os grandes problemas do nosso tempo já nela se encontram ponderados.

Volta Mafalda, documentário recente de Julia Sanchez, mostra que, mesmo não tendo respostas para os dilemas atuais, a Mafalda ajuda-os a clarificar!

 

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