sexta-feira, maio 12, 2023

Ludwig, Requiem Para Um Rei Virgem

 

Há cinquenta anos, entre o Ludwig de Visconti, que se apresentava na sala de baixo - a do Império - e a de Syberberg, que se mostrava na de cima - no Estúdio - não houve como duvidar da opção: foi para o filme do alemão, que encaminhei a preferência. E ainda bem que o fiz porque, embora se tenha revelado mais do que equívoco na versão de Hitler, que depois criou enquanto mito alemão, lembro poucas experiências cinematográficas, que me tenham tão significativamente impressionado quanto essa.

Talvez tenha ajudado o facto de andar então pelos dezassete anos, idade propícia a sentir-me inebriado perante tão fabulosa viagem pelo imaginário romântico, segundo João Bénard da Costa “naufrágio dum ser na busca desesperada dum paraíso perdido ou artificial” numa contradição voluptuosa entre a noite eterna e a “claridade pérfida do dia”, “esse odiado inimigo”.

Filme esplendido, nele se lamentava uma Alemanha perdida, uma terra e uma cultura devastadas.

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