sexta-feira, novembro 11, 2022

Coisas Vistas: «Alma Viva» e supostos amantes eternos

 

Não posso dizer que tenha saído entusiasmado de Alma Viva, o filme de Cristèle Alves Meira, que representará Portugal nas candidaturas a melhor filme estrangeiro, mas dei por bem empregue a hora e meia em que estive a vê-lo numa sala de cinema quase vazia (fadário dos títulos portugueses, que reivindicam não pertencer aos assumidamente idiotas!).

Estão lá muitas das características, que definem a região transmontana, desde as crenças no sobrenatural até à violência exacerbada entre vizinhos e familiares, quase sempre motivada por questões de fronteiras entre as propriedades ou os triviais assuntos de alcova. Mas há, sobretudo, a maravilhosa interpretação de Lua Michel, que olha com curiosidade, e alguma surpresa, para a forma como os adultos se comportam. E também a de Ana Padrão que, em nada se distingue na aparência, sotaque e postura comportamental das muitas mulheres de Vimioso, que a realizadora convocou para o filme.

Acrescente-se a reputada competência de Rui Poças a assinar a fotografia e temos os elementos bastantes para que se reconheça estar perante o que de melhor se produziu entre nós no último ano.

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Romy Schneider morreu há quarenta anos e têm surgido alguns documentários ou entrevistas inéditas a pontuarem a efeméride.

Olivier Monssens assinou Romy et Alain, les éternels fiançés, e dá conta de como apesar de somarem parceiros afetivos depois de se separarem, nunca ambos deixaram de exprimir uma ligação iniciada em 1958, quando ela impôs o desconhecido francês no elenco de Christine e de como, dez anos depois, ele retribuiu o gesto, quando se tratou de definir quem com ele contracenaria em A Piscina.

Pese embora algum interesse cinéfilo, o projeto de Monssens vai muito na lógica das revistas cor-de-rosa. 

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