quinta-feira, julho 22, 2010

Livro: THE DOGS OF RIGA (1) de Henning Menkell

Numa noite de tempestade um pequeno arrastão envolvido em contrabando com a antiga Alemanha de Leste cruza-se com uma balsa aonde jazem dois corpos.
Não se querendo comprometer com tão estranho caso, os dois homens arrastam a balsa até mais perto da costa sueca e voltam a deixá-la à deriva.
Ao chegarem a terra um deles faz uma chamada anónima para a polícia, que confirma a justeza do testemunho, quando uma mulher, que passeava o seu cão numa praia, encontra essa embarcação salva-vidas.
Wallander, o inspector da polícia de Ystad, lidera a investigação acompanhado pelo jovem e ambicioso Martinsson e pelo discreto e eficiente Svalberg. Ainda assim ele sente saudades de um antigo parceiro recentemente falecido, que constituía uma espécie de referência do que ele entende a postura mais adequada para a sua função.
Aquilo com que conta para chegar a alguma conclusão é muito pouco: os dois assassinados eram homens de cerca de trinta anos, tinham sido barbaramente torturados, antes de executados com tiros nos corações e posteriormente enfiados em fatos de cerimónia.
Mas a questão que se coloca a Wallander é o porquê de terem sido assim deixados à deriva no alto mar em vez de simplesmente enterrados ou afundados com pesos nos pés, aonde não voltassem a ser descobertos. Haveria, pois, uma intenção do ou dos assassinos para que fossem assim encontrados.
Mas, o romance não se cinge ao crime em si e ao seu esclarecimento. O próprio personagem de Wallander  constitui muito do interesse da prosa de Menkell.
Melancólico, vive aperreado por diversas preocupações. É o pai pintor, que está a avançar irreversivelmente no seu Alzheimer. É o casamento desfeito com Mona desde há um ano tendo sido ele o abandonado. É a filha a estudar em Estocolmo, dizendo-lhe estar tudo bem, mas sempre a justificar a dúvida quanto à probabilidade de se repetir a tentativa de suicídio por ela ensaiada aos quinze anos. E é a toupeira existente dentro do seu departamento, capaz de ir soprando para a imprensa mais sensacionalista o que ele desejaria reservar enquanto dados imprescindíveis para o sucesso do seu trabalho.
Motivos, que chegam e sobram, para ele despertar uma noite com a sensação de estar a sucumbir a um ataque cardíaco, hipótese não confirmada nas urgências do hospital local. Ou para ceder ao convite de uma empresa importante para dela se tornar responsável pela respectiva segurança.

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