Em França anda novamente pelos cinemas o primeiro filme rodado por Milos Forman nos Estados Unidos.
«Taking Off», assim se chama, foi rodado em 1971, quando o movimento hippie estava no seu auge. Razão para desconfiar de como se encontra datada essa história de um casal convencional decidido a encontrar a filha, saída de casa em ruptura com o seu estilo de vida, e afinal rendidos aos mesmos valores de amor livr e de muitas experiências alucinatórias.
Filme característico de uma época influenciada pelas efémeras promessas do Flower Power, «Taking Off» é uma sátira social sem outra ambição, que não seja a de abordar o fosso cultural entre os pais e os filhos hippies.
Este primeiro ensaio do refugiado político checoslovaco aposta mais no humor cáustico do que na sua força plástica, resultando num documento corrosivo sobre um período de euforia, logo expresso na cena inicial, quando dezenas de candidatos procuram vencer um concurso dedicado à musica folk e contestatária com temas de uma desarmante ingenuidade.
Na altura, Milos Forman explicava o objectivo da sua obra: «Eu e o Jean Claude Carrière decidimos fazer um filme sobre os hippies americanos. Alugámos uma casa em Nova Iorque e pusemo-nos a ouvir histórias sobre eles. Mas quando os íamos observar, achávamo-los incrivelmente aborrecidos: só fumavam, dormiam e mendigavam. O verdadeiro drama estava nos pais dessas crianças em fuga. Acabámos por nos decidirmos a um filme sobre eles.»
O filme vai, pois, derivar da jovem fugitiva Jeannie Tyne para os seus pais, em particular esse pai, Larry Tyne, que é um burguês maníaco depressivo. É ele quem melhor representará essa transição de um mundo autoritário para outro mais livre, apesar de comprovar a ruína do seu equilíbrio familiar.
De comum com a obra restante do realizador essa tendência para abordar agentes de uma revolta idealista, que acabam como vítimas dos sistemas por eles contestados.
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