Estando a entrar para as últimas cem páginas do imenso livro das viagens empreendidas pelo repórter italiano durante o ano de 1993 -quando decidiu acatar o conselho de um adivinho em como não deveria viajar de avião nesse período - continuo a confrontar-me com uma apreciação muito crítica dos países «socialistas» da região: China, Vietname, Camboja,…
Em todos Terzani vê imperar a avidez pelo dinheiro, a corrupção, a miséria, a prostituição. O que denota o fracasso de tais projectos políticos.
Mas, paradoxalmente, Terzani acaba por confessar alguma nostalgia da ingenuidade com que aquelas pessoas encaravam a vida antes da sua acelerada ocidentalização. Época em que muitos dos efeitos perniciosos do capitalismo ainda não as teriam contaminado.
O livro acaba, pois, por colocar um dos grandes dilemas deste período histórico: se as formas até agora ensaiadas de comunismo ainda não conseguiram ser bem sucedidas - redundando em regimes só formalmente de esquerda, mas com estratégias o mais neoliberais possíveis - o capitalismo também está a mostrar não ser melhor sucedido.
Os adivinhos, que Terzani vai consultando sem conseguir o convencimento quanto aos seus poderes especiais, também de pouco serviriam para dar a melhor resposta para a questão que, em tempos, Lenine se colocou: «Que fazer?».
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