O Teatro Praga tem-nos habituado a espectáculos de grande originalidade, sobretudo pela criação colectiva de todos os seus intervenientes e a dispensa da figura do encenador.
Em «Oil Ain’t All» a radicalidade do conceito atinge uma outra dimensão em que de teatro - pelo menos no que canonicamente o diferencia - pouco se vê e o que fica é uma espécie de performance de um número significativo de figurantes liderados por uma mão cheia de actores.
Ao entrar-se na pequena sala estúdio do CCB o cenário está envolto em fumo, pelo que só se vê o plano mais próximo (um jacuzzi, umas mesas e cadeiras) mal se distinguindo, pois, o que está por trás (as árvores de uma floresta).
Entram os figurantes e tornamo-nos espectadores de uma festa anódina com gente a beber e a dançar, uns quantos a conversar, crianças a jogar ao monopoly ou namorados em arrufos motivados pela intrusão do telemóvel.
Pode-se apreciar o relativo à-vontade com que tais figurantes reproduzem ali o ambiente de uma qualquer festa familiar em ambiente abastado ao fim-de-semana.
Mas logo surge um comando terrorista, que toma reféns e executa a maioria dos presentes. É o pesadelo de Beslan ou de outro sítio semelhante, que ali se coloca à nossa frente.
Daí em diante os terroristas vão transportando corpos de fora de cena para o pavimento do cenário.
Embora as explicações do programa sejam escassas, o que parece estar aqui em questão é a quase gratuitidade dos comportamentos violentos numa sociedade virada para um hedonismo inconsequente.
Mas parece muita parra para tão pouca uva, justificando-se o desagrado de quem acaba por optar por nem sequer bater palmas no final. Muito embora se deva saudar o carácter original da experiência e o esforço genuíno dos actores ...
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