domingo, março 07, 2010

Filme: «O LEITOR» de Stephen Daldry

Começou por ser um romance de sucesso da autoria de Bernhard Schlink e transformou-se num projecto turbulento dos irmãos Weinstein, porquanto demorou a decisão sobre quem interpretaria o papel da protagonista (Kidman ou Winslet?), se Daldry estaria em condições de por ela se responsabilizar, dado estar ocupado com a encenação de «Billy Elliot» na Broadway ou se os produtores executivos sobreviveriam até ao final da rodagem tendo em conta que, quer Anthony Minghella, quer Sidney Pollack, morreriam entretanto. Mas, apesar de arrastado e, amiúde, mediano, «O Leitor» é uma meditação ética sobre o tema da culpa. Que também comporta outras abordagens complementares não menos interessantes: sobre a moral, a justiça, a vergonha do analfabetismo, o passado, a História e o dever.
O filme surge balizado em quatro datas distintas:
· 1944, quando Hanna deixa morrer queimadas as prisioneiras, que ajudava a transferir de Auschwitz, e se tinham refugiado numa igreja durante um bombardeamento aliado sem que ela lhes abrisse as portas por onde pudessem fugir;
· 1958, quando o adolescente Michael tem uma relação tórrida com ela num Verão em que alterna sexo com leitura de romances em voz alta;
· 1966, quando ele estuda Direito em Heidelberga e a descobre ré no processo sobre o ocorrido duas décadas atrás;
· e 1995, quando o envelhecido Michael conta à filha aquela experiência que nunca partilhara com mais ninguém.
Condenada a prisão perpétua, Hanna acaba por se suicidar na véspera da sua libertação, já que o único com quem poderia contar - esse amante efémero do seu passado - jamais se libertará do impasse entre os seus sentimentos e o nojo racional da condição torcionária dela...

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