Merecido plenamente o Urso de Prata de Melhor Interpretação Feminina no Festival de Berlim em 2008 para Sally Hawkins, a actriz que representa o papel de Poppy, uma professora primária cheia de qualidades: é generosa, divertida, descontraída, sedutora e não se deixa influenciar pelo mau humor de ninguém. Vestida de cores garridas, sacolas friques, botas de pele de cobra, ela personifica um retrato optimista da vida.
Mas à sua volta Poppy quase só encontra pessoas insatisfeitas, frustradas, neuróticas, só às vezes ilusoriamente felizes. Com quem a relação se torna mais tensa é com Scott, o agressivo instrutor de condução, que acaba pateticamente iludido pelas facetas optimistas da aluna.
Como sempre em Mike Leigh, «Happy go-lucky» existe uma atenção às dificuldades do quotidiano (os sem abrigo, o bullying, etc) num mundo cuja realidade pode sempre ser lida na lógica do copo meio cheio e do copo meio vazio.
Por isso mesmo o filme parece muito mais ligeiro do que, efectivamente, o é, já que levanta questões sérias relacionadas com um tempo de mudança de paradigmas para cujas direcções sobram latas incertezas.
Sem comentários:
Enviar um comentário