Em cinquenta anos o cinema mudou muito e «Bonjour Tristesse», o filme que Otto Preminger rodou então demonstra-o bem.
A história, baseada no romance homónimo da então aclamada Françoise Sagan, é muito pobrezinha, espelhando uma mudança de paradigma na cultura francesa de então: a passagem de uma escrita ideologicamente bastante consistente à esquerda para uns existencialismos inócuos, que encontrava nestas angústias adolescentes e burguesas um subproduto bastante apreciado.
Por outro lado a representação é canónica em relação aos costumes da época, mas de limitados recursos apesar de envolver algumas das grandes estrelas de então - David Niven, Deborah Kerr e Jean Seberg.
Quanto à realização, que dizer da sua enfadonha banalidade?
E, no entanto, é possível pegar na história e problematizá-lo de forma a sair de uma apreciação mais básica. Por exemplo, o que levará a jovem Cécile a intrometer-se nas aventuras amorosas do seu mulherengo pai não será indiciador de um evidente Édipo por resolver?
Noutra perspectiva não deixa de ser curiosa a perspectiva dos personagens masculinos serem completamente manipulados pelas femininas, que exploram a sua tendência para ditarem os seus comportamentos pela acção descontrolada das suas hormonas, tornando-se seus joguetes.
Duas leituras de entre as muitas possíveis para demonstrar como até o mais entediante pastelão pode ganhar algum interesse se apostarmos em o analisar para além do seu nível de leitura mais imediato.
Haverá, porém, quem opte por realçar uma lógica moral mais conservadora, já que todo o argumento gira em torno da má consciência da protagonista, essa rapariga de 17 anos, que decide conspirar contra a futura madrasta, quando a vê coarctar-lhe a liberdade de movimentos e acaba por lhe provocar a morte num suicídio mascarado de acidente. E esta abordagem, embora admissível, acaba por justificar todos os discursos contra as «excessivas liberdades» conferidas à juventude, à importância dos «valores familiares» e outras fórmulas similares pelas quais as forças ideológicas mais retrógradas vão tentando travar a lógica evolutiva da História dos usos e costumes da Humanidade.
A história, baseada no romance homónimo da então aclamada Françoise Sagan, é muito pobrezinha, espelhando uma mudança de paradigma na cultura francesa de então: a passagem de uma escrita ideologicamente bastante consistente à esquerda para uns existencialismos inócuos, que encontrava nestas angústias adolescentes e burguesas um subproduto bastante apreciado.
Por outro lado a representação é canónica em relação aos costumes da época, mas de limitados recursos apesar de envolver algumas das grandes estrelas de então - David Niven, Deborah Kerr e Jean Seberg.
Quanto à realização, que dizer da sua enfadonha banalidade?
E, no entanto, é possível pegar na história e problematizá-lo de forma a sair de uma apreciação mais básica. Por exemplo, o que levará a jovem Cécile a intrometer-se nas aventuras amorosas do seu mulherengo pai não será indiciador de um evidente Édipo por resolver?
Noutra perspectiva não deixa de ser curiosa a perspectiva dos personagens masculinos serem completamente manipulados pelas femininas, que exploram a sua tendência para ditarem os seus comportamentos pela acção descontrolada das suas hormonas, tornando-se seus joguetes.
Duas leituras de entre as muitas possíveis para demonstrar como até o mais entediante pastelão pode ganhar algum interesse se apostarmos em o analisar para além do seu nível de leitura mais imediato.
Haverá, porém, quem opte por realçar uma lógica moral mais conservadora, já que todo o argumento gira em torno da má consciência da protagonista, essa rapariga de 17 anos, que decide conspirar contra a futura madrasta, quando a vê coarctar-lhe a liberdade de movimentos e acaba por lhe provocar a morte num suicídio mascarado de acidente. E esta abordagem, embora admissível, acaba por justificar todos os discursos contra as «excessivas liberdades» conferidas à juventude, à importância dos «valores familiares» e outras fórmulas similares pelas quais as forças ideológicas mais retrógradas vão tentando travar a lógica evolutiva da História dos usos e costumes da Humanidade.
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