Desta feita, sob o título «Cisnes Negros», ele aborda um livro recentemente publicado em Portugal por Nassim Nicholas Taleb, para demonstrar como tinha razão aquele conhecido futebolista, que dizia só se justificarem prognósticos no final de cada jogo. E assim é, de facto: a História nada tem de determinista pelo que os seus sobressaltos resultam de eventos quase inimagináveis pouco antes de acontecerem. Ora porque resultam de conjunturas completamente alteradas por um momento determinante de tudo o que se seguirá (uma inundação, um terramoto, um atentado, etc.), ora porque estando criadas as condições para a mudança, quem por ela ficará posto em causa entra previamente em estado de negação.
Quanto me recordo daquele comandante de um dos navios aonde andei como tripulante, que negava qualquer possibilidade de estar próximo o fim do apartheid, quando já se começavam a organizar concertos globais para o questionar!
O fascínio da realidade é esse: podemos utilizar os nossos conhecimentos da História e das idiossincrasias dos povos para lançar algumas pistas quanto à forma como evoluirão determinados regimes, mas teria o Muro de Berlim caído se à liderança da União Soviética não tivesse ascendido um político muito mais tíbio do que se julgaria (Gorbatchev)? Mas, no sentido contrário, quando percorri a América Latina então dominada por regimes militares fascistas, não poderia imaginar na possibilidade de, passados vinte anos, quase todo o subcontinente ter virado claramente à esquerda.
Mas é a tal história de só se terem conhecido os cisnes negros, quando se os descobriram na Austrália. Até então ninguém apostaria que essas aves tivessem outra cor, que não o branco…
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