quarta-feira, fevereiro 24, 2016

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «Frenético» de Roman Polanski (1987)

O Dr. Richard Walker é um medico americano, que chega a Paris, acompanhado pela esposa, para assistir a uma conferência. Quando está a tomar duche no hotel a mulher desaparece sem ninguém se aperceber.
Perdido num país de que desconhece a língua e sem ajuda das autoridades, Walker inicia uma investigação solitária onde vai encontrando personalidades bizarras e perigosas, que o colocam em perigo permanente, mas também Michelle, uma rapariga capaz de dar a vida para lhe garantir um final feliz.
Nos anos 60 um jovem cineasta polaco, formado na famosa escola de Lodz, destacou-se  o suficiente para depressa se integrar no pujante movimento das nouvelles vagues em várias cinematografias europeias. Filmes como «Faca na Água», «Repulsa», ou «O Baile dos Vampiros» entusiasmaram pela estranheza e humor negro, pelo surrealismo e pela ironia cáustica,  e tornaram-no num dos cineastas mais interessantes da época.
Hollywood atraiu-o e assinou aí novos filmes incensados pela crítica, desde «A Semente do Diabo» a «Chinatown». Na altura parecia à vontade em todos os géneros e temas.
Problemas judiciais na terra do tio Sam trouxe-o de volta à Europa aqui rodando um dos seus melhores títulos: «Tess». Mas os anos 80 trar-lhe-ão novas dificuldades:  «Pirates» foi um estrondoso fracasso comercial e este «Frenético» surgiu-lhe como paliativo para recuperar o apreço público. Retomando o género policial, ele agradou pela capacidade de criar uma atmosfera única, que muito deve à música de Ennio Morricone.
Ainda que não seja perfeito - o argumento arranca toscamente e o final carpinteira-se às três pancadas - «Frenético» constitui uma viagem perturbadora pelo lado selvagem de Paris cuja paisagem urbana constitui uma ameaça permanente, acentuando-se a sensação de termos um protagonista vítima das circunstâncias e com escassos recursos para as superar.
Na revista «Positif» o futuro escritor Emmanuel Carrère considerou «Frenético» uma máquina perfeita para que se olhava com um fascínio, que não se prolongava tão-só concluído o seu genérico. Apenas restava a evocação encantatória de uma dinâmica irresistível.

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