Durante quase duas horas o pintor Robert Combas pinta uma tela para ficar assim registado o seu processo criativo.
Recorrendo às cores dos boiões comercializados (e que não mistura para garantir outras, que pudessem expressar igualmente a sua sensibilidade), Combas começa por verbalizar intensamente as suas intenções num discurso ininterrupto.
Mas isso só ocorre no início: à medida que o seu trabalho avança, ele silencia-se e o único som ouvido é o dos pincéis a deslizarem na tela ou o pigarrear frequente do pintor incomodado pelas emissões gasosas das tintas.
Impressiona a desenvoltura perante um enorme espaço a preencher - e se ele o preenche completamente - com o seu imaginário, povoado de seres de olhos imensos em poses com algo de erótico associado.
Opção do realizador é a inserção de «mementos» - únicas ocasiões para se ouvir uma banda sonora musical - em que se revêem os momentos determinantes de cada uma das cinco fases em que o quadro evolui.
Um documentário muito actual, não só pelo tema, mas por ter sido produzido já em 2010.
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