«Go Go Tales» tem, logo à partida, um excelente naipe de actores, que credibilizam o projecto de Ferrara: Willem Dafoe, Bo Hoskins, Mathew Modine e Asia Argento.
Dafoe é Ray Ruby, um gerente do «Ray Ruby’s Paradise», clube nocturno do tipo alterne, que está em risco de iminente falência. Há já várias rendas atrasadas à irascível senhoria e as strippers têm salários em atraso. Embora continuem a actuar com o devido profissionalismo para os escassos clientes. A arriscada estratégia de Ray passa, então, por algo de inimaginável: apostar todos os cêntimos e dólares, que lhe restam, na compra de bilhetes da lotaria. No entretanto vai iludindo quem o pressiona num jogo de malabarismo permanente, que nem sempre convence os desconfiados interlocutores.
Os problemas sucedem-se: uma das bailarinas, que engravida e quer parar de actuar. Johnny, o irmão cabeleireiro e financiador do negócio, que quer desistir de uma aposta cada vez mais falhada. Ou um cliente, que descobre a mulher no elenco de strippers.
No entanto, o inimaginável acontece: Ray e o seu sócio ganham a lotaria, mas esquecem-se do paradeiro do bilhete.
O desastre parece iminente, mas ainda há o ensejo para o espectáculo de todas as quintas-feiras à noite, quando o Paradise despe a sua aparência de bar de alterne para se travestizar num palco de exibições artísticas de diversas artes cénicas.
Quando anuncia o seu fracasso e comenta «As pessoas adoram ver os outros falhar», Ray descobre o almejado bilhete no bolso interior do seu casaco, acabadinho de chegar da lavandaria.
E da alegria extrema o seu rosto logo se transforma num esgar de decepção quando sabe da obrigatória partilha do prémio com o fisco. Vale-lhe que, na semana seguinte, poderá voltar a jogar.
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