terça-feira, maio 08, 2007

UM FILME SOBRE GUIZOS DE RENA

Confesso que não tinha muitas expectativas sobre este filme do Robert Zemeckis destinado a um público infantil. Mais do que a presença do Tom Hanks no projecto, estava, sobretudo, interessado em vislumbrar o efeito estético de uma animação claramente baseada no tratamento de cenas previamente rodadas com recurso a actores.
Zemeckis tem sido um experimentalista devendo-se-lhe projectos tão singulares como o foram ~Quem Tramou Roger Rabbit» ou «Forrest Gump».
A história do filme conta-se em muito poucas palavras: um miúdo de uns seis ou sete anos está com sérias dúvidas quanto à existência do Pai Natal. A irmã, mais nova, está excitadíssima perante a aproximação da noite mágica em que chegam presentes oriundos do Pólo Norte, enquanto ele abre uma enciclopédia aonde aprende a impossibilidade de haver condições de vida naquela região do globo.
No entanto, uma noite, ele acorda e vê chegada à beira da sua janela um estranho comboio, cujo revisor o incita a entrar.
Lá dentro ele vai conhecer mais um conjunto de miúdos, mais ou menos da sua idade, aonde avulta uma miúda de cor com particulares dotes de liderança e um miúdo irritantemente sabichão, afinal ainda com tanto para aprender.
A aventura irá passar por imensas vicissitudes, com a constatação, por parte do protagonista, da existência de um anjo da guarda, a amiúde abandonar a pose de vagabundo para lhe dar a mão em momentos particularmente difíceis. Porque há despistes num lago gelado à beira de ver partido o seu gelo, ou subidas e descidas vertiginosas, ou ainda paragens bruscas devido a manadas de caribus.
Embora completamente inverosímil, a história associa-se ao sonho de um miúdo, que irá aprender uma lição preciosa: a de nunca abdicar de uma certa forma de magia, traduzida pelos guizos das renas do Pai Natal.
No fundo não nos faz mal nenhum rendermo-nos ao sortilégio de uma fantasia infantil, que nos recorde como foi tão bom sermos ingénuos. É que, nessa altura, os medos, as angustias, as frustrações ainda não assumiam as trágicas dimensões conhecidas na vida adulta.
Aquela em que a sobrevivência não é apoiada na intervenção oportuna de um qualquer anjo da guarda...

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