Há muita coisa que posso escrever sobre o filme que o Paulo Rocha realizou em 1963: é um marco fundamental do cinema novo português e explicita a transição social e cultural de Portugal nessa época. Que, moderno e lírico, entrava em rutura com o cinema feito até então embora Manuel de Oliveira já tivesse assinado uma dezena de títulos, incluindo Aniki-bobó. Que influenciava-o o neorrealismo italiano e a nouvelle vague francesa, e era o primeiro título devido ao nunca por demais elogiado grupo do Vá-vá. Ou ainda sobre a frustração, o desespero e a falta de expetativas de uma juventude, que via a cidade a crescer ao ritmo de uma arquitetura longe de ser exemplar.
Mas, vendo-o na adolescência, já na década seguinte, quando o regime ia dando sinais do seu estertor, o filme foi peça fundamental na consciencialização de uma realidade para cuja transformação também ansiava por dar o meu contributo. Ao som da música do Carlos Paredes, mas com a Internacional a emergir como crescente banda sonora!
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