Aquando da estreia de As Melhores Amigas o Libération lamentou a opção da realizadora, Marion Desseigne Ravel, pelo final conformista. Perante um contexto social, o das periferias urbanas, duas jovens magrebinas, Nedjma e Zina, optavam por adotar um comportamento convencional junto dos amigos e colegas de escola, optando por viverem a paixão sáfica no clandestino recato do terraço do prédio onde moram.
Para o crítico do filme seria mais reconfortante que, a exemplo de outros conhecidos pares românticos, de que Romeu e Julieta foram os mais glosados, tivessem a coragem de levar a mutua paixão até à rutura com os valores circunstanciais do seu contexto. Mas fica a questão: terá esse desejo de rutura verosimilhança com as vivências dos espectadores? Não estão eles habituados a silenciarem a revolta perante os insultos e humilhações, vindos de quem exerce sobre eles algum tipo de poder - no emprego, na escola, na igreja, nas ruas?
Às vezes gostaríamos que os filmes servissem de catarse para mitigarmos a frustração pelas pequenas cobardias a que nos sujeitámos, ou continuamos a sujeitar. Mas a vida real é outra coisa...
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