terça-feira, maio 11, 2010

Documentário: «O Mistério das Abelhas Desaparecidas» de Mark Daniels

No dia 18 de Maio a ARTE exibe um documentário sobre o mistério do desaparecimento das abelhas, um pouco por todo o mundo.
Para o entomologista Bernard Vaissière a crise é paradoxal, porquanto há cada vez mais superfícies cultiváveis a necessitar do efeito polinizador desses insectos e, quer na Europa, quer nos EUA, os apicultores constatam uma mortalidade de 30 a 80% nas suas colmeias.
As abelhas polinizam 80% das flores selvagens e 76% das principais espécies cultiváveis no mundo -  o que corresponde a 35% da produção agrícola vegetal, que consumimos. Poderemos estar, pois, à beira de uma terrível catástrofe ecológica e agrícola.
A maioria dos estudos atribuem a responsabilidade pelo desaparecimento das abelhas aos novos pesticidas, à multiplicação das culturas intensivas e ao surgimento de novos parasitas e predadores.
Em suma estamos perante as consequências de uma lógica produtiva mundializada, estimulada pelo crescimento populacional e pelas novas necessidades alimentares.
Infelizmente a solução defendida por muitos dos que sugerem respostas a este problema, é a de criar uma mutação genética nas abelhas domésticas de forma a que resistam melhor aos factores de risco. O que significaria escamotear as verdadeiras causas do problema (a sobrepopulação num planeta incapaz de assegurar sustento a tanta gente) em proveito da criação de um monstro à medida dos novos frankensteins dos laboratórios científicos.
O documentário de Mark Daniels é deste ano e tem 90 minutos de duração, começando com colmeias desertas, sem cadáveres de abelhas à vista, mas com uma rainha saudável no interior, rodeada de larvas viáveis e de um punhado de jovens adultos enfraquecidos. Mas quanto ás obreiras, viste-las!
Trata-se de um sindroma fulminante, que dizima as colmeias norte-americanas desde 2006 e que, lentamente, se alastra a todo o mundo, agudizando uma decadência, que se vinha sentindo desde o pós-guerra.
Ora, sejam domésticas, sejam selvagens, as abelhas desempenham um papel insubstituível na biodiversidade e na agricultura humana. Sem estas sentinelas da natureza, não há polinização das flores, nem frutos, nem legumes.
Nos laboratórios franceses, americanos ou alemães, investigações convergentes demonstram a interacção de uma multiplicidade de factores na mortalidade anormal das abelhas. Não se pode, por exemplo, inculpar exclusivamente os pesticidas como nos anos 90, mas em compensação, se eles forem combinados com um vírus ou com um cogumelo, o efeito de certos produtos desmultiplica-se.
O que muitos investigadores propõem é a criação urgente de uma agricultura mais respeitadora do ambiente em vez de se pensar numa abelha transgénica...



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