sábado, março 14, 2009

As mulheres não dão para a comédia?

Numa das edições do «Guardian» da semana transacta a conhecida feminista Germaine Greer interrogava-se das razões porque têm mais sucesso os comediantes masculinos do que as suas congéneres do sexo oposto. Não deixando de reparar que o êxito destas últimas parece relacionar-se com a provocação do riso em torno de temas como as mamas, a menstruação ou outras vertentes da sexualidade feminina, que garantem riso alarve na boçalidade machista dos seus espectadores. Ou, em alternativa, fazendo das outras mulheres o objecto quantas vezes perverso da sua farsa: uma das principais comediantes norte-americanas da segunda metade do século passado conseguiu criar nome no negócio do espectáculo ao fazer de Elizabeth Taylor o foco da sua sátira.
Mas Greer considera que os comediantes masculinos prevalecem pela facilidade com que se dão ao ridículo. As mulheres teriam, nesse aspecto, um maior comedimento com a imagem, que de si transmitem, tornando-se menos empáticas junto de um público mais propenso à palhaçada. Aliás, contrariando a tese de que, num grupo de homens, o que conta mais anedotas, é o que busca a sua liderança, ela defende o contrário: o comediante de cada grupo é um dos seus mais frágeis elementos, incapaz de se afirmar pela força dos seus punhos ou pela eloquência do seu pensamento, restando-lhe a arma do riso para se conseguir destacar.
É claro que a pergunta inicial - porque têm mais sucesso os homens do que as mulheres na comédia tipo stand up? - fica por responder. Mas a razão poderá relacionar-se com o que dizia o Miguel Esteves Cardoso numa das suas mais recentes crónicas do «Público»: simplesmente, porque as mulheres são bem melhores do que os pobres de espírito, que são a generalidade dos homens. Que na superficialidade do riso buscam iludir a sua incapacidade para os pensamentos mais profundos.

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