quarta-feira, abril 02, 2008

UMA PROMESSA POR REVELAR

Há dezasseis anos, ainda os escombros do Muro de Berlim estavam frescos na memória, o filósofo George Steiner dizia ao «Le Monde»:
«Não estamos senão no início do pós-marxismo. O desabar dessa esperança, que se transformou em horror deixa resíduos que ainda vão arder durante muito tempo. Também o cristianismo morre lentamente difundindo todas as espécies de venenos em decomposição. O cristianismo e o marxismo são as duas grandes heresias messiânicas do judaísmo. Este sobreviverá. Mas não penso que nasça, enquanto eu for vivo, um novo sonho colectivo coerente.»
O filósofo, embora de provecta idade, ainda está vivo e o seu juízo cumpriu-se: o sonho colectivo mais coerente dos dias de hoje parece ser o do islamismo radical, que mobiliza milhões de crentes, mas assusta os que se identificam com os valores ocidentais.
Há, ainda assim, a ponderar o que será das nossas democracias burguesas, quando o petróleo se tornar cada vez mais caro em consequência do seu progressivo esgotamento e com as respostas cada vez menos satisfatórias do capitalismo selvagem para garantir alguma equidade na distribuição da riqueza.
Tendo em conta que o projecto marxista nunca se cumpriu, constituindo as experiências do século XX sucedâneos não muito felizes da tentativa de passar da sua teoria à prática, o desafio continua a ser o de encontrar uma via mais eficaz de o concretizar.
Enquanto socialista nunca poderei dizer que marxismo nunca mais. Porque, em boa verdade, ele ainda está por se revelar em todo o seu esperançoso potencial…

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