sábado, novembro 10, 2007

LUC-HENRI FAGE: «A MEMÓRIA DAS GRUTAS DE BORNÉU»

Há já vários anos que o espeleólogo Luc–Henri Fage e o arqueólogo Jean Michel Chazine exploram a ilha de Bornéu para tentarem encontrar as pistas de explicação do povoamento da ilha. A descoberta de grutas ornamentadas de desenhos rupestres os encorajou a prosseguir as inspecções.
Recentemente as autoridades emitiram-lhes uma licença de investigação nos montes Marang. Escoltados por guias dayaks e por cientistas indonésios, a equipa avança selva adentro em busca de novas grutas. As descobertas vão surpreendendo.
«Bornéu, a Memória das Grutas» começa por ser um documentário fabuloso sobre os trabalhos arqueológicos: ao principio um trabalho manual, que implica o recurso a um tremendo arsenal tecnológico. Sucede-se a evolução do trabalho com a recolha de impressões digitais deixadas nas paredes ou a descoberta de cerâmicas até à sua análise laboratorial, que permitirá datá-las.
Luc-Henri Fage e a sua equipa podem assim medir a dimensão da sua descoberta: as grutas de Bornéu contém vestígios com mais de 10 mil anos.
O realizador tenta contagiar o espectador com o seu projecto dando-lhe a ver e a tocar em coisas de que só pressentiria a existência há tempos imemoriais.
Mas as descobertas ultrapassam as melhores esperanças: há pinturas muito elaboradas de animais e de plantas eventualmente manchadas por impressões negativas ( marcas de mãos humanas em fundo ocre) decoradas e ligadas entre si por linhas.
A sua disposição nada aleatória aparece como resultado de uma intenção. Os investigadores hesitam ainda quanto ao seu sentido, provavelmente ligado a ritmos de iniciação de xamânicos…


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Ainda será possível descobrir algo de novo sobre os nossos mais primitivos antepassados? No entendimento de alguns arqueólogos como os deste documentário a resposta é afirmativa, aliando novos conhecimentos adquiridos nas inscrições escondidas em grutas quase inacessíveis com a descoberta de espaços no planeta, de prodigiosa beleza.
Decerto que se fosse algo mais do que um personagem, Indiana Jones gostaria de acompanhar estes cientistas argutos. Porque a arqueologia também pode ganhar laivos de aventura e tornar-se em algo mais interessante do que a mera acumulação de documentos bafientos.
Até para os compreender o arqueólogo tem, então, de se assumir como um detective cioso de dar sentidos às suas provas...

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