segunda-feira, dezembro 04, 2006

CIDADANIA PRECISA-SE (NOS JORNALISTAS)

Num dos telejornais de ontem eram entrevistadas pessoas, que rejeitavam a possibilidade de «salas de chuto» serem instaladas na vizinhança das suas casas.
Como de costume - e aliás na linha do que esta nova geração de «jornalistas» vem difundindo nos nossos media - dava-se só voz a um dos lados da questão sem a oportunidade cívica de fazer prevalecer os argumentos pertinentes de quem defende nessa medida uma forma racional de ajudar a resolver um grave problema social.
Demonstrava essa reportagem que o populismo não é exclusivo do discurso político. Este crescerá sim a partir da divulgação acrítica deste tipo de mensagens, que só contribuem para a prevalência do que de pior existe no comportamento colectivo. Neste caso em concreto a segregação de um número significativo de nossos concidadãos a quem as circunstâncias infelizes da vida empurraram para a via da toxicodependência.
E, no entanto, nos bairros em causa - e em qualquer um deste país - quantos casos de toxicodependência se albergam por detrás das insuspeitas fachadas dos seus prédios?
O discurso desses entrevistados lembra os que empurram a sujidade para debaixo dos tapetes ou quem prefere esconder a cabeça na areia.
Porque é um assunto de tal gravidade, que exige ser tratado com frontalidade, todos deveriam ser comprometidos na sua resolução. Colaborando nas soluções em vez de lhes atravessarem obstáculos. Ou porque são de esquerda e se confrontam com uma iníqua situação de injustiça social, que urge resolver. Ou porque são cristãos e devem por natureza revelar a sua quotidiana generosidade. Ou porque são de direita e devem ter a consciência dos danos à sua sagrada propriedade privada, que o problema colateralmente cria.
Mas os primeiros responsáveis pela criação de uma tal postura devem ser os editores de notícias dos jornais, das rádios e das televisões, ao contribuírem para um discurso de cidadania em tudo quanto é publicado sobre assuntos desta relevância…

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