sábado, outubro 28, 2006

«Um Presente do Céu», um filme de Simone Aaberg Kaern


Durante cerca de dez anos, a artista plástica dinamarquesa Simone Aaberg Kaern trabalha no tema do voo, em associação frequente com a questão da representação da mulher.
Em 2002 ela lê num jornal a história de uma jovem afegã de 16 anos, cujo sonho maior é tornar-se piloto da Força Aérea.
Simone Aaberg Kaern, que sente intenso fascínio pelas aviadoras da Segunda Guerra Mundial, sente essa notícia como um apelo. Tanto mais que a liberdade dos céus parece perdida desde os atentados do 11 de Setembro.
Decide, pois, fazer os possíveis (e até os impossíveis …) para ajudar essa adolescente a cumprir o seu sonho. Para tal descobre um Piper Colt - o único avião para que chegam as suas posses limitadas e já vetusto nos seus mais de quarenta anos de idade. Mas com a vantagem de consumir combustível de automóvel, mais fácil de encontrar no seu périplo entre Copenhaga e Cabul.
As desvantagens não são, porém, de desprezar: só permitir dois passageiros e um máximo de 40 quilos de bagagem.
Convencido Magnus Bejmar a acompanhá-la na aventura para dela reter as imagens para o filme a realizar, a partida é dada em 4 de Setembro de 2002 … e irá durar quatro meses.
«Um Presente do Céu» é, pois, o testemunho dessa experiência audaciosa, traduzida num voo de seis mil quilómetros por toda a Europa Central e Médio Oriente , que dura cinquenta horas e passa por vinte e três escalas. Com algumas dificuldades inesperadas em Corfu (falta de combustível), na Bósnia (com o espaço aéreo fechado) e no Irão (por falta de visto e de autorização).
O momento mais complicado ocorre, porém, no percurso entre Mashad e Herat em que se arriscam a ser abatidos pelas forças norte-americanas de quem não conseguem obter a desejada permissão para entrarem no espaço aéreo afegão. Uma dificuldade, que não lhes tolhe a vontade: é em total ilegalidade, que eles aterram na sua penúltima escala antes de Cabul.
Dias depois a jovem Farial tem o seu baptismo de voo e nada parece demover a sua decisão de romper com a imagem tradicional das mulheres do seu país.
Mas depressa vem ao de cima a autoridade de um tio influente, que logo corta as asas à rapariga doravante condicionada ao peso da tradição...

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