domingo, julho 23, 2006

«A DUPLA» de RAOUL RUIZ

Tem oito anos, foi rodado no Canadá e reflecte alguns dos temas mais do agrado do chileno, que o realizou. Em «A Dupla», Anne Parillaud é, em simultâneo, duas pessoas diametralmente opostas, mas com o mesmo nome: Jessie Ford.
Uma delas é uma assassina profissional contratada para eliminar por contrato, quem os seus clientes lhe indicam.
Outra é uma mulher jovem muito vulnerável, acabada de sair de uma cura psiquiátrica subsequente a uma agressão sexual e agora recém-casada com um jovem, que a leva de lua-de-mel para a Jamaica.
A questão amiúde colocada ao longo do filme é óbvia: quem é a verdadeira Jessie? A assassina ou a noiva? E o que é a outra? Uma sua réplica onírica ou um clone?
A verdade é que, na Jamaica, ela continua a sentir-se ameaçada: o seu violador não a terá seguido até ali para continuar a agredi-la ? E porque é que a bela Paula Quinn, encontrada no hotel, parece tão íntima do seu Brian?
Para encontrar alguma resposta ela vai consultar-se com uma suposta vidente, que tudo sabe: Isabel. Que, através de um chá, lhe propicia sonhos em que se vê atropelada perante a impassibilidade de quem testemunha essa cena.
Por seu lado, Brian começa a revelar um interesse óbvio pela herança por ela recebida do seu defunto pai. Que desejaria investir em negócios rentáveis para os quais lhe não faltariam ideias…
Jessie começa a inquietar-se com sucessivas situações de perigo em que se vê, enquanto está com o marido: uma queda por uma falésia ou um afogamento no mar evitados no último instante.
Igualmente a sua vertente de assassina começa a encarar Brian como um alvo potencial: é a ele que uma tal Laura pretende ver morto, contratando para tal os serviços dela. Ora, em última instância é ela quem acaba de descobrir em Brian a verdadeira identidade do violador de Nova Iorque.
Mas a Jessie mais vulnerável não quer acreditar e insurge-se contra a sua dupla. Erradamente, claro, já que Brian e a sua amante Paula preparam-lhe o «suicídio com barbitúricos» por forma a ficarem com o campo aberto para os seus projectos de felicidade a dois.
Esse desiderato é evitado in extremis, acabando Jessie por acordar numa clínica em Seattle ao fim de vários meses. Mas, agora elucidada, quanto à personalidade de Brian procura-o em Nova Iorque aonde ele estava em jantar romântico com Paula. E atraindo-o à casa de banho é aí que o elimina ...

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