segunda-feira, fevereiro 27, 2023

O premiado filme de Canijo e um outro que mostra o Irão tal qual é

 

Começa a contagem decrescente até 11 de maio, altura em que poderemos ver o dítico Mal Viver/ Viver Mal, acabdo de consagrar na Berlinale deste ano com um Urso de Prata atribuído à primeira parte da obra.

Rodado durante a pandemia num hotel do norte do país, anuncia-se como retomando alguns dos temas recorrentes na obra do realizador, ou seja, os conflitos familiares, sobretudo os relacionados com mães e filhas, ora na família que gere o negócio, ora nas dos seus clientes.

A fotografia de Leonor Teles foi muito elogiada pelo realizador e vamos ao encontro dos rostos, que com ele costumam colaborar, mormente Rita Blanco e Anabela Moreira, a quem se associam Nuno Lopes ou Leonor Silveira.

Muito embora tivessemos dispensado a enfática jura de amor à Ucrânia no momento de agradecer a atribuição do prémio, fica reservado espaço na agenda para reencontrarmos o universo canijiano na altura em que filas de peregrinos continuarão a replicar o cortejo a que, há dúzia de anos, ele deu testemunho na direção de Fátima.

2. Enquanto esperamos pelo filme de Canijo temos para ver Holy Spider do sueco de origem iraniana Ali Abbasi.

Na sua terceira longa-metragem o realizador baseia-se numa história verídica passada na cidade de Mashhad em que um pedreiro, antigo militar na guerra de 2000-2001 contra o Iraque, iniciou um périplo de serial killer, vitimando mulheres que, para ele, ofenderiam o ideal religioso da proclamada capital espiritual do Irão. Daí que, apesar de desmascarado por uma jornalista em registo de thriller, esse assassino se visse heroicizado pelos setores ultraconservadores identificados com a sua idiossincrasia, ajustada às características dos perpetradores da banalidade do mal. E é sobre esse tipo de personalidade frustrada e, por isso mesmo, fanatizada, que o realizador mais se atarda.



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