Nesta quinta e sexta-feira, o Auditório 1 da Gulbenkian vai-nos possibilitar a revisão da «Missa Solemnis» de Beethoven. É a sua opus 123, concluída em 1823, e estreada em São Petersburgo no ano seguinte por iniciativa do príncipe Golytsin, que foi um dos principais mecenas do compositor nos seus últimos anos de atividade.
Beethoven considerou-a uma das suas melhores obras, assumindo as influencias
da polifonia religiosa e das missas sinfónicas surgidas em Viena no final do século anterior.
A intenção inicial era vê-la estreada nas cerimónias de consagração do arquiduque Rudolf como cardeal, que se traduziria na liderança religiosa do arcebispado da cidade de Olmütz, hoje situada na República Checa.
Ele fora aluno, e depois patrono e amigo do compositor, mas Beethoven não conseguiu concluir a obra a tempo, porque necessitou de trabalhar noutras peças, e, sobretudo dedicar-se a um porfiado trabalho de investigação histórica, religiosa e musical, que o poupasse às reservas com que a sua «Missa em dó maior, op. 86» fora recebida em 1807.
A proposta que aqui fica é a da interpretação do primeiro andamento, o «Kyrie», tal qual a Orquestra do Concertgebouw a interpretou sob a direção de Leonard Bernstein.
Trata-se do mais tradicional e curto dos cinco andamentos da peça com um texto conciso e simples, que repete “Kyrie eleison/ Christo eleison/ Kyrie eleison” ou seja “Senhor, tende piedade de nós/ Cristo, tende piedade de nós/ Senhor, tende piedade de nós”, que ele faz cantar em frases bem separadas com longos desenvolvimentos entre cada uma delas.
Tovey encontrou neste andamento a sensação da glória divina contrastando com o nada, que é o homem. Mas também houve quem visse, a meio do andamento, a duplicidade da condição humana e divina de Cristo.
Para o ateu impenitente que sou, apenas a sinto como Música lindíssima com um M bem grande...
Sem comentários:
Enviar um comentário