quarta-feira, maio 04, 2016

COSMOS: Os astrocitos são a explicação para a nossa inteligência?

Para resolver um problema recorremos a várias regiões do cérebro interligadas, que também competem entre si. Mas como é feita essa comunicação?
No Instituto Nacional da Saúde, em Washington, o prof. Douglas Fields tenta responder a essa pergunta. Segundo descreve, o cérebro é constituído por duas espécies de tecidos: a matéria cinzenta, mais superficial, de que toda gente ouviu falar e onde se encontram os neurónios, e a matéria branca, que fica no interior e por onde passam as diversas ligações entre as várias zonas em comunicação. E é branca porque constituída de mielina, uma membrana que rodeia ao axónios, permitindo à informação uma transmissão rápida e eficaz no cérebro.
Ao nascer o bebé só tem funções mínimas no seu cérebro imaturo. Não consegue alimentar-se sozinho, quase não vê, não consegue pôr-se de pé, nem endireitar a cabeça. A explicação decorre de termos o cérebro permanentemente em reconstrução em função do que nos envolve. E o que é interessante com a mielina está no facto de só se começar a formar depois do nascimento.
A mielina é fundamental para que a informação se transmita eficazmente no cérebro. É, por isso mesmo, essencial à inteligência. Mas hoje a formação da mielina é perturbada pela poluição. Onde quer que nos encontremos no mundo atual, o nosso cérebro é continuamente afetado por um conjunto de produtos químicos, que resultam da atividade humana e afetam a tiroide. Ora este órgão é fundamental para o desenvolvimento do cérebro, desde a fase de feto até idades avançadas, para assegurar a manutenção das suas funções como é o caso da mielinização.
Segundo um dos institutos dependentes da Comissão Europeia, mais de uma centena de pesticidas utilizados no território da União, afetam a tiroide. E os estudos dos efeitos nas crianças a eles expostas mostram que, nos casos mais graves, elas ficam com menos 5 ou 6 pontos no seu QI, o que faz toda a diferença em ambiente escolar.
A inteligência permitiu-nos construir um mundo complexo agora ameaçado pelos efeitos dessa evolução. E podemos pagar um preço muito elevado se a degradação do meio ambiente prejudicar consideravelmente o desenvolvimento do cérebro das crianças que vão nascer. Afetando a mielina, por exemplo…
A confirmar-se tal cenário, como o poderemos gerir? Durante mais de um século pensou-se que todos os nossos processos mentais mais não eram do que o efeito do comportamento elétrico dos neurónios, mas, atualmente, os neurobiólogos começaram a explorar um novo continente: só 15% das células cerebrais são neurónios. O resto não comunica entre si graças a esse tipo de transmissão.
Hoje a investigação mais avançada está a ter constantes surpresas à medida, que vai descobrindo a forma como o cérebro efetivamente funciona.
As células gliais, bem mais numerosas do que os neurónios. Algumas fabricam a mielina, outras protegem-nos: são os astrocitos, que desempenham um papel fundamental na inteligência.
Em 1956, um médico legista que estava a proceder à autópsia de Einstein decidiu roubar-lhe o cérebro para, estudando-o, descobrir a explicação para a sua inteligência: embora contasse com o mesmo número de neurónios do que qualquer outro ser humano, o cérebro de Einstein possuía um número invulgar de astrocitos, que controlam as sinapses, o fluxo sanguíneo no cérebro, reagem às lesões. Mas agora sabe-se que os astrocitos controlam os neurónios …
Mais: os astrocitos ajudam a conservar a memória e a favorecer os processos de aprendizagem. Desempenham um papel fundamental na nossa inteligência.

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