Dois realizadores radicados na Suíça, ele de origem lusa, ela polaca, estavam em Trás-os-Montes a preparar um novo filme, quando conheceram Silva, um daqueles personagens verdadeiros, cuja singularidade constitui sempre o estímulo para da sua vida se fazer um documentário.
Adiado o projeto anterior, Maya Kosa e Sérgio Costa colaram-se ao ex-prestidigitador com aspeto de cowboy e transformaram-no no protagonista de «Rio Corgo», que constitui uma variante imaginativa do que é a realidade da região. Mostram assim, que não é preciso contar com um bar no Oeste americano para encontrar figurante à altura dos diálogos entre Johnny Guitar e Vienna.
Na entrevista que deram ao «Ipsilon» confessaram a dificuldade de controlarem a apetência de Silva em querer imitar um velho ator espanhol, que muito admirara em tempos. O filme não é, pelo que se percebe, um mero registo das deambulações e dos monólogos do protagonista: há uma mise-en-scène cuidadosa a que não falta sequer uma homenagem a João César Monteiro.
O cinema volta a revelar-se bem mais interessante quando escolhe a realidade para se transmitir ao nosso olhar do que aquelas histórias da treta com atores a interpretarem papeis em que eles próprios não acreditam.
Atualmente em exibição no «Ideal Paraíso» o filme é uma das propostas mais aliciantes desta altura, merecendo o cunho da sua imprescindível visão...
Sem comentários:
Enviar um comentário