quinta-feira, maio 12, 2016

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «The Principal» de Kriv Stenders

Uma escola pública num bairro degradado, com significativas percentagens de populações muçulmanas e polinésias, está prestes a fechar. O novo diretor aí colocado, Matt Bashir é considerado o último trunfo da tutela para dar ao estabelecimento uma aparência de normalidade, sob pena de o fechar condenando a maioria dos seus alunos à iliteracia.  A situação é tão complicada, que a polícia tem ali colocada uma agente para servir de rápido elo de ligação em caso de incidentes, o que acontece quase diariamente.
Para o recém-chegado um dos maiores desafios passará por vencer a resistência dos professores, dos funcionários e dos alunos todos conformados com o caos ali instalado dentro e fora das aulas. Mas Bashir que, ele próprio, estudara ali e está disposto a não desistir aos primeiros sobressaltos, começando a apostar nalguns casos dados como perdidos, mas que confia passíveis de regeneração. Trata-se a seu ver de dar aos rapazes e raparigas outra alternativa de futuro, que não passe pela irremediável ocupação em atividades criminosas.
Depressa se percebe que a droga negoceia-se às claras dentro dos portões. E pior ainda: um dos alunos, Karim,  aparece assassinado no recinto.  Ora ele não só era um dos principais traficantes da escola como ganhava mais algum dinheiro a recolher as tarifas da “proteção” dada pela mafia do bairro a alguns dos comerciantes.
São, pois, várias as pistas seguidas pela polícia para identificar o culpado do homicídio. Mas o próprio Bashir não tarda a integrar o lote dos suspeitos porque, sendo homossexual, a aproximação a alguns dos alunos mais  vulneráveis poderá significar uma estratégia de sedução pedófila.
Temos, pois, uma série australiana em quatro episódios, com um grau de complexidade pouco comum nas do restante universo anglo-saxão. A realidade aqui revelada contém muito mais variáveis do que costumamos ver nas séries policiais e sem receio de contrariar alguns dos estereótipos mais comuns.
Onde os argumentistas dececionam é na opção pela facilidade do happy ending: afinal Bashir, mesmo que homossexual, livra-se da acusação de pedófilo e até consegue ganhar o apoio da comunidade para levar por diante o inovador projeto educativo, que congeminou para dar àqueles adolescentes a oportunidade, que estava prestes a ser-lhes negada.
Doravante tudo parece conjugar-se para vir a pacificar-se o espaço escolar, fazendo dele o trampolim para a ascensão social de quem ali estuda. Mas alguns olhares preconceituosos permitem adivinhar que esse futuro não estará assim tão garantido quanto se poderia desejar...

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