O Instituto Max Planck de Leipzig está a recriar o cérebro dos nossos antepassados pré-históricos, tarefa tanto mais difícil quanto é facto que não resta qualquer fóssil de como era, já que só nos resta a “caixa” onde estava inserido.
Mas, pegando em caveiras desse passado e comparando com as atuais, conclui-se que existem diferenças de forma e de tamanho: alguns desses homens pré-históricos tinham um cérebro maior do que o nosso.
Tendo em conta que tudo quanto somos - memórias, pensamentos, emoções, linguagem -, personalidade, dependem desse órgão, podemo-nos interrogar se a inteligência terá alguma coisa a ver com o tamanho.
A evolução fez crescer o tamanho do nosso cérebro durante dois milhões de anos para atingir o seu máximo há cerca de 15 mil anos.
O homem do Cro-Magnon, que pintou as paredes da gruta de Lascaux há cerca de dezassete mil anos era um homo sapiens, como nós. Mas de todos quantos integram essa espécie é o que tinha o cérebro mais volumoso. O que leva certos cientistas a considerar-nos menos inteligentes que esse antecessor. Mas essa teoria está longe de ser consensual: há quem defenda que apenas possuía a inteligência ajustada ao mundo em que vivia.
A medição da inteligência é tarefa complicada embora se façam incessantes esforços para o conseguir: analisando as respostas, auscultando a pertinência das ações e comparando indivíduos, chegou-se à única ferramenta de que se dispõe para alcançar tal objetivo, o Quociente Intelectual (Q.I.), inventado por Alfred Binet no início do século XX ao contestar a classificação simplista dos alienistas do seu tempo, que classificavam os pacientes dos manicómios em categorias vagas e indefinidas: os idiotas, os imbecis e os débeis mentais.
Binet considerava a necessidade de contar com critérios objetivos e científicos. Em 1905 o Ministério da Educação Nacional encomendou-lhe um estudo, que permitisse identificar os alunos com maiores dificuldades na aprendizagem. Embora não tivesse qualquer teoria sobre o assunto, baseou-se na observação das filhas para criar um modelo racional de avaliação em função das capacidades constatáveis em cada idade.
Com Theodore Simon criou o primeiro teste de inteligência, que permitiu comparar a idade mental com a idade real de cada indivíduo, multiplicando esse valor por 100 para chegar ao valor de QI: se uma criança com 10 anos conseguia responder aos desafios pensados para uma de 12 anos, o seu QI era de 120.
Hoje tende-se a dar ao QI uma importância exagerada, porque um número não consegue definir quem quer que seja: tem de ser relativizado em função do passado e do presente do indivíduo, da sua cultura e experiência.
Na Nova Zelândia um investigador, James Flynn descobriu que houve uma evolução muito positiva nos testes de QI nas nações industrializadas ao estudar os que foram efetuados durante décadas nas inspeções para o serviço militar em quarenta nações, todas elas usando a mesma ferramenta de avaliação.
Uma geração atrás a média era de cerca de 30 respostas certas em 60, enquanto hoje se chega a 45. Significa isso que afinal somos mais inteligentes do que os nossos antecessores?
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